As razões dos médicos
As razões do NÃO explicadas pelos médicos : www.medicosporissonao.com
No próximo referendo sobre o aborto votaremos Näo. Aqui se tenta explicar porquê.
É uma crueldade fazer nascer uma criança que não é desejada. Um filho só deve nascer se é desejado e amado. Se uma mulher grávida não deseja o filho já concebido, mas não nascido, deve ter a liberdade de optar pelo aborto.
Este argumento tem sido usado até à exaustão por muitos defensores do SIM. E fazem-no dando-lhe o ar enternecedor de quem "só quer o bem das crianças". Se o embrião falasse, decerto dasabafaria: "Com amigos assim, não preciso de inimigos".
Este argumento não se limita a ser falso. Também é cínico. E hipócrita.
O valor da vida de um "outro", qualquer que seja, não depende, em nada, de quanto eu o "desejo" ou "amo". Esta lógica deixa à vista um retorcido egoísmo. O que mais há por aí são filhos "indesejados", muito contentes e felizes da vida. Porque nasceram, mesmo sem terem sido planeados, desejados ou amados. Nasceram, cresceram, fizeram-se à vida e tiveram muitos filhinhos. E foram felizes. Ou não. Como todos.
Isto não tem, obviamente, nada a ver com a mais que reconhecida legitimidade e necessidade de um planeamento familiar responsável. Mas esse planeamento faz-se a montante da concepção. Como a própria expressão indica. Às vezes os planos falham? É verdade. Mas como em muitos outros sectores da nossa vida, a solução não passa por fingir que não aconteceu nada e seguir adiante. A liberdade não existe sem responsabilidade. Ou entendemos que no que se refere aos filhos concebidos não há responsabilidades que assumir?
Juntando as vozes do Sim e o Não, parece quase consensual que o aborto é um mal que deve ser evitado.
29 de Janeiro de 2007
O constitucionalista Jorge Miranda afirma que a legislação saída de uma eventual vitória do Sim violará a Constituição.
Como noutros debates democráticos, os números são um elemento importante. No caso do aborto, não tanto para decidir o certo e o errado (a moral e a ética não se definem por maioria, pertencem à consciência), mas para verificar a dimensão do problema e avaliar as soluções propostas.
Considero que os números não são muito importantes (são frios; não pessoais), mas aqui estão.
O jornal da minha região tem esta semana duas páginas com entrevistas de rua sobre o referendo. As opiniões, mesmo que não recolhidas com critério científico, parecem confirmar sentimentos e ideias generalizadas que vale a pena ter em conta, agora que estamos perto do início da campanha para o referendo. Assim:
Eu quero tanto que Tu venhas, invocação primeira e secreta, e tanto por angústia e morte sentida, por interesse em pânico, pequeno cristal que estremece desde a mais pequena infância, oh Tu o Sem Nome que o primeiro frémito de vida própria chama em grito e adoração por si oh sim por mim próprio.