Estratégias
O espírito militante, tanto do lado de sim como do lado do não, deixa pouco espaço à serenidade. Pseudo-superioridades morais classificáveis de clubísticas fazem pouco por um debate que tantas vezes se reduz a uma troca de frases feitas e a uma conversa de surdos.
As questões que coloco são: isto seduz alguém? O objectivo dos dois lados é convencer as pessoas a qualquer custo, sem olhar a meios. Ganhe-se o que de positivo virá de escolher sim ou de escolher não, será que vale mesmo a pena? O que se perde em termos de (ainda mais) estupidificação, bipolarização primária e superficialidade, será que poderemos vir algum dia a recuperar?
A super-simplificação a preto e branco da vida causa estragos. Tristemente, parece-me que ganhe o lado que ganhar, todos viremos a perder. Seremos vítimas da nossa (sentido lato, porque em qualquer deserto vai havendo oásis) ganância de vitória.
As questões que coloco são: isto seduz alguém? O objectivo dos dois lados é convencer as pessoas a qualquer custo, sem olhar a meios. Ganhe-se o que de positivo virá de escolher sim ou de escolher não, será que vale mesmo a pena? O que se perde em termos de (ainda mais) estupidificação, bipolarização primária e superficialidade, será que poderemos vir algum dia a recuperar?
A super-simplificação a preto e branco da vida causa estragos. Tristemente, parece-me que ganhe o lado que ganhar, todos viremos a perder. Seremos vítimas da nossa (sentido lato, porque em qualquer deserto vai havendo oásis) ganância de vitória.
42 Comments:
Me,
Li atentamente as suas palavras e se por um lado lhe dou toda a razão quando diz e muito bem que não deve haver bipolarização, por outro não consigo concordar quando diz que todos perderemos.
Sempre que há troca de informação, como está a acontecer neste caso,é sempre um ganho e nunca uma perda.
Principalmente num país em que existe uma grande dificuldade de pensar em colectivo, de pensar em nome de um bem comum.
Por último em relação á super-simplificação, e agora falo únicamente por mim, acredito realmente que a questão base é muito simples e não tenho de a complicar só para ganhar mais argumentos: há uma vida em jogo, uma vida que não se pode expressar e que acredito ter o dever moral de proteger. Não falo dos factores económicos, religiosos (apesar de ser católica praticante), ou quaisquer outros simplesmente porque o valor fundamental que é a vida está acima de qualquer outro argumento. No meu caso, penso e vou tendo cada vez mais a certeza que a maior parte das pessoas nem sabe muito bem do que fala. Este blog é um dos raros casos em que há troca de opiniões de uma forma estruturada.
Ka, também estou de acordo contigo. Também acho que se algo é simples, não há que complicar. Por outro lado, a troca de opiniões é boa, quando não é uma conversa de surdos.
O problema, a meu ver, é mesmo que, como dizes, a maior parte das pessoas não sabe do que fala, nem demonstra abertura para que a troca de argumentos se verifique de uma forma estruturada (como tentamos fazer neste blog).
Ou seja, acho que estamos de acordo, mas eu expressei-me de uma forma muito pessimista, porque ontem andei a ler blogs, tanto de um lado como do outro, e achei tudo uma miséria...
(já agora, eu tratei-te por tu, automaticamente, e só depois reparei que me tinhas tratado por você. Podemos ficar pelo "tu"? Ou fazes questão de ser "você"?)
Claro que podemos ficar pelo "tu" :)
Já agora aproveito para TE/VOS convidar a visitar o meu blog em http://o-blog-da-ka.blogspot.com
O que se perde com a liberalização é muito e não é medivel.
Em número são milhões de vidas que vão ser mortas (de uma forma bárbara e brutal), de seres humanos que decerto sentem e percepcionam que estão a perder a vida.
Em sgnificado é a total banalização do valor da vida - assim há vida, ela tem que ser preservada e ninguém pode ter o direito de acabar com uma vida que tem a sua própria individualidade e que não pode decidir.
O que se ganha com a liberalização é despachar rápido o problema e não pensar mais nisso, para quem acha que é mais eficaz que se matem os fetos
gostei mt deste cartaz: http://peladespenalizacaodaivg.blogspot.com/
A mulher decide
a sociedade respeita
o estado garante...
A mulher manda a sociedade cala e o estado paga!
Com cartazes destes... o movimento do não nem precisa fazer mais nada!
É por isso que esta sociedade nao anda...nem desanda! Paozinho sem sal!!!
Anónimo,
"de seres humanos que decerto sentem e percepcionam que estão a perder a vida."
Está enganado. Os fetos até às 10 semanas não sentem nem percepcionam nada. O seu sistema nervoso central não está funcional.
"Em sgnificado é a total banalização do valor da vida "
Noutros países já se despenalizou há muito e não aconteceu isso. De qualquer forma se pensa assim tem de o demonstrar senão a sua ideia não representa nada.
"- assim há vida, ela tem que ser preservada e ninguém pode ter o direito de acabar com uma vida que tem a sua própria individualidade e que não pode decidir."
Com ou sem despenalização as IVGs vão continuar a acontecer, por isso desengane-se se pensa que votando "não" está a defender vidas.
Finalmente o ministro respondeu... afinal desde 1997 que ninguem é preso por abortar...
Vá lá!
Atenção que agora os adeptos do sim mudaram de táctica... primeiro venceriam por mais de 80 por cento... agora falam do aumento dos adeptos do não para desmotivar e relaxar estes... temos de manter-nos sempre vigilantes nas manobras "politicas" e pela vida.
O SNC não é tudo, há muito mais que isso, trata-se de uma vida humana; o feto não sente, só saberemos se estivermos no lugar dele. Há tanto que dantes não se sabia e que agora se sabe e tanto ainda por descobrir. Tratando-se de uma vida humana não podemos render-nos apenas ao que sabemos agora como se já esteja tudo sabido.
luis v
Sobre o feto às 10 semanas aconselha-se o insuspeito video da National Geographic (http://apfn.ficheirospt.com/documentario/10semana.wmv).
Quanto à desvalorização da vida ela realmente já aconteceu. Com a eutanásia, por exemplo.
A penalização pode não resolver o problema do aborto, mas a despenalização não só não resolve como o torna maior. Nos países onde foi legalizado o número abortos tem vindo sempre a crescer.
Há uma coisa que não consigo perceber... porque é que é tão difícil compreender que há vida apartir do momento da concepção? Por mais voltas que lhe dê, realmente ultrapassa-me que nãp se consirede que é um ser humano que está em causa.É um ser humano que ainda se vai desenvolver mas é já um ser humano.
Se aceitassem isto a reflexão tornar-se-ia muito mais simples e clara.
Bem...há sempre pretextos para a estupidez primária e não vão acabar com este referendo.
Já o contrário é bem provável que não aconteça: mais referendos acerca do aborto à conta disso.
Os argumentos sérios e a desmontagem das mentiras não precisam de passar pelo que não são.
David Bengelsdorff,
Não lance a confusão sobre o que é um feto às 10 semanas. Não há dúvida absolutamente nenhuma que às 10 semanas os fetos não pensam e não sentem. É um facto científico. As imagens do vídeo que mostram fetos mais desenvolvidos passam-se às 30 semanas. Só a partir das 20 semanas é que começa o processo em que o sistema nervoso central fica minimamente funcionante.
Concorda com o anónimo quando diz
"Em sgnificado é a total banalização do valor da vida "
repare só no qualificativo total e veja se continua a subscrever esta afirmação.
O exemplo que refere da eutanásia não é uma banalização da vida. Quando muito vai contra a moral que sacraliza a vida humana, ou na sua versão laica, o princípio ético do valor absoluto da vida humana. A eutanásia (principalmente a voluntária) tem as suas virtudes e, neste caso, a liberdade individual ultrapassa de longe qualquer moral ou imposição que se queira imaginar, e muito menos com o recurso a crenças que só dizem respeito a alguns. E com esta falácia da derrapagem (em que se aventam consequências em cima de consequências sem se apresentar os passos intermédios que a elas levam) obriga o seu interlocutor a alongar-se desnecessariamente quando lhe competia a si essa obrigação.
Mas isto nem é o mais importante, porque esse raciocínio é, mais uma vez, falacioso, ao comparar a eutanásia em que morre uma pessoa, com a IVG em que morre um feto.
Não creio que com a despenalização se dê um aumento do número de IVGs mas uma coisa eu sei ao certo, não vai, como diz o David, tornar o problema pior. Para o grande número de mulheres que optam por interromper a gravidez a situação melhora e muito.
Para o luis com dúvidas acerca da importância a atribuir ao feto, bastaria perguntar se concordava com a despenalização do agressor que o matasse, no caso de ser seu filho.
É que esta história do balanço entre o zigoto senciente e a opção pelo nascimento tem muito que se lhe diga...
A gravidez como uma coisa mental...
Pós modernismo conceptual
É que, também não há dúvida que há muita gente que ultrapassa esse período "neutro", a adolescência, meia-idade e velhice sem produzir pensamento que valha a pena.
E lá por isso...
/me, se debatessem o encarceramento compulsivo dos homossexuais será que considerarias que o debate não valia a pena porque estupidificava?
Que a bipolarização era primária e superficial e que ganhasse quem ganhasse todos viriam a perder?
Neste referendo estão em causa vidas humanas. Choca-me até a fleuma com que se debate o direito a matar esses seres humanos. Biologicamente são-no. Com menores capacidades, num estadio de desenvolvimento mais primario mas são seres humanos.
Camilo
A zazie que não tome a parte pelo todo apressadinha que é a qualificar e engavetar o que não percebe. Bastar-lhe-ia lembrar-se que a questão central para quem quer a despenalização é a opção da mulher, para não colocar perguntas de fácil resposta, pretendendo passá-las por dilemas insolúveis. "Zigotos sencientes" é dose, daqui a nada estamos a palrar sobre óvulos com batimentos cardíacos.
A mulher e o homem. A questão é simples. Não existe fundamento ético para tornar legal um acto que é condenável e que sempre assim foi tido desde que o mundo é mundo.
Ninguém vai dar direitos por causa das mulheres. Haverá quem pense também em si e ache que, por razões pragmáticas, também beneficia se a coisa passar a ser às claras, legal, e à borla.
E haverá bons e maus argumentos para see relativizar grande parte disto.
Não foi o seu caso.
V. quer argumentar o valor de um direito com base na secundarização sobre quem recai.
E eu argumentei-lhe que esse ser secundário, só é secundário se os progenitores por isso o tomarem.
Porque, a verdade é que o acto é que é condenável, independentemente do estado de vida que do embrião ou do feto.
Por isso lhe coloquei a pergunta ao contrário:
Explique-me lá o que fazia ou achava que a lei devia fazer, se fosse a sua mulher que estava grávida de um filho seu e um terceiro a agredisse e lhe matesse esse filho.
Como era?
Achava que ele apenas tinha cometido um dano de propriedade?
E isso dependia do facto de já ter "interiorizado" que desejava ou não desejava esse filho?
Dependia de ser filho ou de ser zigoto senciente (o termo é usado pelos "cientistas do sim, não por mim)
Se, por acaso, ainda estivesse no tal período intermédio de direito de "reflexão" e estivessem ambos decidios a que não nascesse, como era?
Iam dizer em tribunal que a lei não se devia aplicar porque não houve vítimas?
Não se apresse v. a julgar-se mais esperto que o que é...
Numa palavra: explique-me para que existe o artigo 139!
1- Explique-me como é que a responsabilidade só aparece depois de ser transformada em desejo daquilo que já existe.
2- Explque-me como é que então, também uma mulher pode ter um filho quando o "desejo" não é paritário: o homem não quer.
3- E explique-me porque motivo, não só tem esse direito, como tem todo o tipo de protecções sociais (incluindo leis laborais) e no fim ainda tem o direito de lhe exigir a paternidade e partilha de sustento do dito filho.
4- Explique-me onde está o peso na valorização "feminista" do tal imaginário direito da mulher à opção do seu corpo?
5- Não está. O que está é a valorização da continuação da espécie e da maternidade como algo a preservar.
A grande questão da simpatia masculina nesta questão é que pode ter muitas outras falsas motivações.
1- É óbvio que fica mais fácil a um homem descartar-se de uma responsabilidade de paternidade se a lei considerar legal o aborto até às 10 semanas.
A mulher que for pressionada a abortar fica com menos defesa. Ele não vai ser envolvido em processo, nem corre esse risco- passou a ser legal.
2- Também é óbvio que todos sabem que não é apenas uma decisão da mulher. Estão envolvidos na concepção e podem também ficar com a vida atrapalhada por um filho que não aparece na melhor altura. Ou que pode aparecer na pior de todas.
Mas nada disto serve para se invocar um direito de cidadania. Quanto muito, serve para fazer o achar que quer fazer, e pagar por isso. Monetaria e eticamente. Sem obrigar toda a socieade a passar a liberalizar o acto por sua causa.
3- O último caso em que vejo "simpatias" masculinas pelo termo de uma maternidade parece-me mais efeito de uma perda do próprio instinto masculino.
O que não é para admirar: anda tudo muito neutro. Muito a trocar de papéis.
Há-de se perder grande parte do que de bom existe na diferença entre os sexos.
Camilo, não percebeste o que quis dizer. Eu acho bem que se discuta (aliás, estou neste blog por alguma razão. O que acho mal é que se discuta de uma forma estupidificante. Esta questão como qualquer outra.
Neste blog têm-se visto bons exemplos de participações moderadas e profundas (entre as quais, das que me lembro, as tuas).
Se fores por aí ver blogs, tanto do sim como do não, vais ver que estão cheios de insinuações de baixo nível, e pseudo-superioridades morais.
O pior é que as campanhas que se fazem apostam mesmo em explorar a estupidez. Veja-se os que defendem argumentos do género "não quero ser eu a pagar isso" (para quem defenda o "sim", este argumento é uma falta de solidariedade) ou do género daquele cartaz do sim com uns capangas a acompanhar uma mulher que aparentemente será presa (para se fazer a associação a ditadura e repressão, quando isso na realidade não acontece). Obviamente, tanto os responsáveis pelas campanhas do "sim" como do "não" acreditam estar a fazer um serviço à sociedade. O que eu defendo é que esta desonestidade (porque é disso que se trata) tem consequências graves. Mas claro, hoje em dia isso é o pão nosso de cada dia.
Supondo que um entre muitos fetos viria no futuro a ser uma criança normal e sendo possível a partir do feto, ver a futura criança que ele seria (talvez um dia isto ainda venha a ser possível), e considerando que um grande número de abortos são de fetos sem anomalias, as pessoas ainda teriam a "coragem" de cometer tal barbaridade de matar esse filho?! Talvez... como agora o aborto é justificativa para a falta de condições, desespero, nao ser a melhor altura, etc, também o seria se isso fosse possível; seriam as pessoas capazes de aceitar a liberalização e de praticar o aborto em iguais cirscunstâncias de desespero como as que actualmente se consideram como desculpa para a sua liberalização?
(não quero com isto dizer que os fetos com anomalias facilitam a decisão; uma criança com síndrome de Down, só para dar um exemplo, tem todo o direito a viver como uma criança normal; as malformações extremas são outra questão, apesar de mesmo assim serem completamente dignas dos seus direitos e de uma decisão adequadamente reflectida e bem ponderada)
Quem não quer mesmo terminante e decidamente ter filhos, tanto homem como mulher, pode muito bem ter atitude altruista de ir a uma clínica a acabar de vez com essa possibilidade; e é tão fácil e muito mais honesto, sabendo que uma significativa parte dos abortos praticados são nestas circunstâncias.
Em relação ao comentário anterior, refere-se evidentemente, aos métodos de laqueação de trompas, vasectomia,etc. :
" Quem não quer mesmo terminante e decidamente ter filhos, tanto homem como mulher, pode muito bem ter atitude altruista de ir a uma clínica a acabar de vez com essa possibilidade; e é tão fácil e muito mais honesto, sabendo que uma significativa parte dos abortos praticados são nestas circunstâncias."
Pois é. Ninguém imagina uma lei que obrigasse aqueles/as que não vão querer nunca ser mães ou pais, a submeterem-se a uma intervenção cirurgica para erradicarem esse risco. Mas é puro egoismo não aceitar essa possibilidade; preferem correr o risco de conceber uma criança indesejada cujo destino já se sabe muitas vezes qual é. Bem que gostava de saber a reacção das pessoas se confrontadas com isto e que decisão tomariam; decerto iam achar um atentado à sua dignidade. A liberalização do aborto comparada com esta atitude revela bem a mentalidade egocentrica e de banalização do valor da vida humana em desenvolvimento e que para muitos não carece ser defendida nem protegida, pois manifestam bem no conteúdo e significado dos seus discursos,que para eles não tem qualquer significado.
Como já disse, o feto torna-se senciente quando o sistema nervoso central fica minimamente funcionante, o que acontece para lá das 20 semanas. Nenhum cientista sério, seja do "sim" ou do "não", lhe vai dizer que um feto às 10 semanas é senciente e muito menos um zigoto.
Eticamente o aborto não é condenável (pelo menos até um certo número de semanas), por isso é que grande parte do "sim" fala em escolha da mulher, porque se parte do princípio que ela tem maturidade, inteligência, liberdade, etc., para tomar um opção eticamente aceitável. A questão de fundo no que diz respeito à ética, é que os defensores do "não" até agora falharam em demonstrar porque é que a vida intra-uterina tem valor. Para atribuir direitos a um feto a partir das 20 semanas ou a uma pessoa, essa demonstração é relativamente simples.
Agora, falar em preservação da espécie num mundo como o que temos hoje em que há já mais de 6 mil milhões de almas a viver, não faz sentido. Faria sentido se falasse nisso numa discussão sobre armas nucleares, ou coisa do género, mas não aqui. Tal como não faz sentido atribuir valor intrínseco à maternidade. É boa para uns e não é para outros.
Na sequência disto, não temos posições diferentes quanto ao facto de ser a mulher a decidir se vai abortar ou não. Também não temos posições diferentes sobre o valor do feto depender do que os pais sentem por ele, divergimos sim porque eu acho que o feto até às 10 semanas não tem mais valor para além desse.
Para mim, tal como para muita gente que luta pelo "sim", o direito à autodeterminação reprodutiva das mulheres é essencial, são os seus direitos que estão em causa. Dou-lhe o exemplo de um recente artigo do Miguel vale de Almeida com o qual concordo.
Como é que se pode justificar que a vontade de uma mulher seja suplantada pela de uma célula ou de um aglomerado de células? Isto passa na cabeça de alguém? (pois é, passa, e na de muita gente....). É que se queremos discutir este assunto com profundidade temos de ir aos casos limite e não falarmos apenas em fetos em que batem corações.
Acho os discursos que mostram receio em assumir plenamente os direitos da mulher, como o resultado pesado da deformação patriarcal da nossa sociedade. Numa altura como esta, ainda fica mal se alguém levanta a voz um bocado mais alto com o feminismo. Como dizem os autocolantes do Colectivo Feminista Se os homens engravidassem, o aborto seria um sacramento.
A mulher tem que ter todos os direitos e mais algum, isso nem se discute e ai de quem me diga o contrário.
Mas, sem rodeios, é de mais quando se coloca o egoismo à frente de uma vida humana.
Se não querem mesmo ter filhos, porque não decidir acabar com a possibilidade de os ter? Para que querem continuar com a capacidade reprodutiva? Se correm o risco de engravidar(elas) ou de engravidar alguém (eles,e depois não vão certamente querer a criança, não era melhor fazerem uma intervençao cirúrgica quos impossibilitase de gerar uma criança? Esta atitude decerto evitaria um número significativo de abortos, o que também evitaria o número de "almas a viver" neste mundo, para quem está preocupado com o aumento da população; não se lembram que a taxa de natalidade está cada vez menor. Mas poco empenho se vê a melhorar as condições de vida no mundo que está a caminhar para a destruição provocada pelos homens: Pois não, é continuar e deixar que se vá acabando aos poucos e entretanto vai-se impedindo que nasçam mais crianças. Bela alternativa, olha qu´ésta!
" vai-se impedindo que nasçam mais crianças " E PARA ISSO LIBERALIZA-SE O ABORTO (faltava isto). " Bela alternativa, olha qu´ésta! "
"Não consigo deixar de me impressionar com a morte de uma criança, principalmente quando é provocada por um adulto.
E não consigo também, pela formação científica (biológica e médica) que tenho, deixar de olhar para o momento da fecundação de um óvulo por um espermatozóide como um momento ímpar, o do nascimento de uma criança.
Sei que quer o óvulo quer o espermatozóide são células maduras, condenadas à morte. E que no momento em que se unem há uma explosão biológica. Os vinte e três cromossomas de cada um deles unem-se e forma-se um novo núcleo, com quarenta e seis cromossomas, com um genoma completamente novo e que nunca se repetirá. Um genoma de um ser humano.
Sei que aquela célula - o zigoto, se começa a dividir activamente, em duas, quatro, oito, dezasseis… e rapidamente aquela "massa" de células " (uma criança) começa a produzir hormonas que vão interferir com o organismo da mãe. Fazem proliferar a camada interna do útero, preparando tudo para a sua nidação. E, uma vez um pouco diferenciadas em blastocito nidam no útero materno, começando a alimentar-se dele.
Sei que esse aglomerando de células se começa a diferenciar rapidamente, e que os órgãos vitais de um organismo humano vão surgindo a uma velocidade surpreendente, de tal modo que num embrião (uma criança) de dez semanas estão praticamente todos os órgãos formados, apesar de esse embrião medir uns escassos centímetros.
E que depois tudo se processará numa fase predominantemente de crescimento até que o feto (a criança) atinja as trinta e cinco semanas e nasça uma criança.
Não consigo deixar de olhar para um embrião de poucos dias e ver nele uma pessoa humana. E não é por Fé, por crença religiosa. Não preciso de fé para ver uma criança num embrião. Está lá, a evidência científica diz-mo. Tem de estar lá porque lá está tudo o que constitui uma pessoa humana.
A minha mente de médico recusa fechar os olhos à evidência. E, por isso, e porque para os médicos a vida humana é sagrada, recuso-me a aceitar o aborto provocado, porque para um médico a morte nunca é solução. Tem de haver outra saída. Há sempre outra saída. É preciso imaginação para a descobrir, coragem e inteligência para a pôr em prática. Mas a morte, nunca! O aborto provocado, nunca!"
Vítor Costa lima, médico
Esta muito parado... vamos continuar amigos
O momento da fecundação é sem dúvida o primeiríssimo derradeiro momento do nascimento de uma criança e a velocidade de multiplicação das células é fenomenal. Desde esse momento a criança trava uma luta contínua para se fortalecer e "vingar". Negar-lhe a possibilidade de continuar a viver, através do aborto provocado é um acto de pura cobardia, ainda mais quando é praticado com as justificações do costume. Isto é bem significativo da desumanidade para que se caminha.
Como profissional de enfermagem, também só entendo minha prática como baseada na evidência - é uma criança que está lá, não tenho mesmo dúvidas.
Não devemos confundir a questão do aborto com a da fecundação. Pode ser-se contra o aborto livre até às 10 semanas sem se acreditar que no zigoto está uma criança.
Nenhuma mulher pode abortar antes de estar grávida e nenhuma mulher está grávida antes da nidação, que só se dá vários dias depois da fecundação. Além do mais, a fecundação não é um momento mas todo um processo de muitas horas, desde que o espermatozóide se aproxima do ovócito até que se dá a primeira divisão do zigoto. Onde aparece a "criança"?
Se há uma criança após a nidação, que dizer dos gémeos monozigóticos (uma criança transforma-se em duas?) e das quimeras (duas crianças unem-se numa só?)?
Finalmente, que pensar de todos os zigotos que morrem diariamente sem nidar no interior de tantas mulheres? Não deveria a medicina dedicar-se a salvar essas "crianças"? Porque é que não há uma campanha para travar esse holocausto?
que engraçado. Vs. chamam-lhes quimeras? como nome técnico? tem muita piada recorrer-se a esse termo lendário
A fecundação não começa do nada, mas sim num preciso momento; esse é o "primeiríssimo derradeiro momento do nascimento de uma criança". E a criança está lá, ou então não haveria fecundação e nada se formaria! Quando em determinado momento e por uma causa natural, a criança não "vinga" e não é possível salvá-la, porque é ainda um zigoto, realmente ainda pouco ou nada se pode fazer - o que não significa que um dia isso venha ser possível. Mas aqui a causa é natural. E muitas ameaças de aborto revertem com sucesso - com repouso da mãe e outros cuidados, tanto numa fase inicial como avançada da gravidez.
"A fecundação não começa do nada, mas sim num preciso momento; esse é o "primeiríssimo derradeiro momento do nascimento de uma criança"."
Qual é esse momento? O primeiro contacto do espermatozóide com o óvulo? O início da fusão do DNA? A primeira divisão celular?
"Quando em determinado momento e por uma causa natural, a criança não "vinga" e não é possível salvá-la, porque é ainda um zigoto, realmente ainda pouco ou nada se pode fazer"
Morrem assim milhões de zigotos. Qual é a investigação médica dirigida para salvar esses zigotos? Será que com tantos profissionais de saúde a olharem para os zigotos como crianças não há recursos para tentar salvar essas crianças? Desde quando a medicina fica calma deixando morrer crianças a pretexto de que a morte é natural?
Zazie
O nome não é realmente simpático, sobretudo se tivermos em conta que existem pessoas reais a quem o nome se aplica.
Caso não tenham reparado,actualmente são salvas muitas crianças quer numa fase inicial da gravidez,quer num estado de gravidez avançado, e mesmo no pós-parto, lactentes, crianças de todas as idades.
Há um trabalho empenhado de muitos profissionais de saúde e desempenhado com sucesso.
E crianças com necessidades especiais vão muitas vezes para casa e ficam aos cuidados dos pais que têm um desempenho exemplar e autónomo na prestação desses cuidados que aprenderam quando a criança estava hospitalizada; porque esses pais querem mesmo aquela criança, querem tratá-la o melhor possível, querem dar-lhe tudo o que podem, querem que ela seja feliz mesmo com as suas limitações; e isto é possível e é real e a criança pode ser feliz nem que seja por pouco tempo; e já há muitos apoios a vários níveis para que isto seja possível.
Mas é natural que não reparem neste sucesso,pois isto não lhes diz nada. Se defendem a liberalização do aborto sem se importarem de matar uma a criança mesmo sendo ela normal... também não têm interesse nenhum em saber da realidade que foi descrita nem dos referidos salvamentos. Já que consideram que a partir do momento que uma criança tem uma anomalia ou deficiência é considerada inviável... Agora não digam que deixamos morrer crianças a pretexto de que a morte é natural.
Quanto ao zigoto, ele tem toda a informação genética de um ser humano e que em muito vai condicionar a pessoa que ele vai ser; a criança está lá desde essa altura e a partir daí vai-se desenvolvendo fortalecendo. O ideal seria que todos "vingassem", mas todos sabemos que isso vai contra as leis da natureza. Mas muitas ameaças de aborto revertem cada vez mais com sucesso, tanto numa fase inicial como avançada da gravidez, graças aos conhecimentos e meios que cada vez mais existem.
Mas alguém me diz porque raio se liberaliza o aborto e não se pensa em aconselhar as pessoas que não querem decididamente ter filhos a submeterem-se a uma intervenção cirurgica (laqueação de trompas, vasectomia, histerectomia talvez); para que raio querem continuar com a capacidade reprodutiva e correr o risco de gerar uma criança não desejada?, sabendo que um número significativo de abortos é de crianças não desejadas porque os pais não querem mesmo nunca ser pais.
Achariam o aborto melhor que a dita intervenção cirurgica pois esta seria um atentado à sua dignidade direitos fundamentais? Não seria esta intervenção radical uma opção mais honesta? Será que gostavam que fosse feita uma lei que os obrigasse a fazer essa intervenção uma vez que era ponto assente que não queriam ser pais? Essa lei comparada com a do aborto era bem melhor, o número de crianças mortas seria bem menor e todos ficavam felizes pois não tinham uma criança a "atrapalhar a vida".
Provocar e liberalizar a morte, nete caso por aborto, propositada e deliberadamente a pretexto de justificações muitas vezes egoístas, é um acto de tremenda desumanidade.
"Quanto ao zigoto, ele tem toda a informação genética de um ser humano e que em muito vai condicionar a pessoa que ele vai ser;"
Informação é mesmo isso: informação. Não é pessoa. Dois gémeos podem ter exactamente a mesma informação sem serem a mesma pessoa.
"a criança está lá desde essa altura e a partir daí vai-se desenvolvendo fortalecendo"
Então quantas pessoas há no caso de uma quimera?
"O ideal seria que todos "vingassem", mas todos sabemos que isso vai contra as leis da natureza."
Que leis da natureza? Desde quando é que a medicina acata tão pacatamente a morte de "crianças"? Quando há hoje tantas técnicas em medicina reprodutiva é razoável deixar morrer embriões sem haver investigação aprofundada para acabar com esse holocausto de "crianças" o mais depressa possível?
Quanto ao aborto, ele nada tem a ver com esta personalização dos zigotos.
Não há dúvida que não consideram um zigoto como vida humana que ele já é.
Perante isto, cada pessoa é como é porquê? Onde é que tudo começa?
Se não fosse esse início determinante que começa na junção de toda a carga genética dos gâmetas para se formar o zigoto, a pessoa existiria da mesma forma? Parece que é assim que vêem as coisas. Querem arranjar forma de o provar?
Quanto à liberalização do aborto, o certo é que
( e apesar de tentar compreender que algumas, mas só algumas, circunstâncias em que a mulher se encontra são na realidade complexas )
cada vez mais confirmo que isso vai ser muito utilizado a pretexto de justifificações muitas vezes egoístas e que não têm nenhum problema em destruir uma vida humana mesmo num estado mais avançado da gravidez e em provocar e liberalizar a morte propositada e intencionalmente.
Em muitos casos porque não a pessoa ter o altruismo de acabar com a sua capacidade reprodutiva se não quer mesmo ter filhos, em vez de correr o risco de conceber uma uma vida e depois acabar com ela?
Vão ao blog: http://afavordavida.blog.com para obter esclarecimentos acerca do aborto e contribuam para as estatisticas de voto.
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