Razöes do Näo

No próximo referendo sobre o aborto votaremos Näo. Aqui se tenta explicar porquê.

terça-feira, janeiro 30, 2007

Direito de resposta



Comentário: O aborto já podia ter sido despenalizado, pelo menos no que concerne à pena de prisão, há muito tempo. Mas os políticos fizeram a despenalização refém da liberalização, sabendo que despenalizando esvaziariam em muito a base de apoio do sim a este referendo. A isto (e a outras coisas parecidas, à direita e à esquerda) pode-se chamar terrorismo político.

A vitória do não, no último referendo, deveria pressupôr uma revisão da lei nos aspectos em que se tende a encontrar consensos na sociedade. Tal não foi feito por incompetência e má vontade (e o tal terrorismo) dos governos que entretanto tivémos. E hoje voltamos a ter de escolher entre um sim e um não que mais não são que formas dos políticos sacudirem a questão. É que se o problema é grave e incomoda tantas pessoas, porque é que nada foi feito entretanto? Não seria quase consensual o acabar-se com as penas de prisão, dar-se mais apoios a mulheres grávidas, eventualmente até alargar os casos em que é permitido abortar? Não se poderia fazer isso de forma tranquila e sem referendo? Podia.

Se o sim ganhar, é óbvio o que muda com a liberalização. Mas também é óbvio que enquanto sociedade desistimos de resolver os problemas e relativizamos quando podia haver alternativas. Acabamos com alguns problemas, geramos outros (menos resistências a abortar implica menos protecção a mulheres que sejam pressionadas para o fazerem) e fechamos os olhos aos seres que matamos.

Se o não ganhar, os políticos serão obrigados a encontrar outras formas para lidar com o problema que não o simples adiamento. Da outra vez isso chegou, desta não acredito (espero que não).

6 Comments:

Blogger José Brito,sj said...

Olá Me
tens toda a razao...
grande texto!
o problema e que esta argumentaçao(das que melhor explicae serve as razoes do nao) deve ser quase inaudivel no mei da berraria que imagino deve estar a catacterizar esta campanha...
bom trabalho
p.s. se alem de mandares uma caixa de chocolates ao Jsousa me mandares a mim uma, sera uma optima ajuda para este tempo de estudo!

2:25 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Penso que a maior hipocrisia do vosso blog passa pelo facto de se esquecerem q enquanto nao liberalizarem:

- NUNCA mais as politicas sociais sao postas em pratica porque vai-se continuar a fechar os olhos a algo que acontece ás "escondidas";

- NUNCA MAIS sabem quem pretende abortar logo nao vao conseguir chegar a essas pessoas para evitar que isso suceda;

Se acreditam tanto que a politica social e a religiao é a solução para este problema LIBERALIZEM e ponham maos à obra. Nao é penalizando e atirando este problema para a marginalização e para o lado obscuro da sociedade que ele vai deixar de existir.

Badajoz está aqui ao lado. O aborto vai continuar a existir enquanto nao houver politicas internas.

A igreja cada vez desilude mais. Tanta riqueza e tao pouca ajuda. Falam muito mas nao os vejo nas ruas, no meio das pessoas q realmente precisam.é realmente confortavel o trono de S PEDRO.

Outro questão gira que toca o limear da hipocrisia é chamarem vida a um feto. Optimo... é verdade!! e a mae, não é uma vida? Alguem se le,mbrou de defender a mae? O feto é uma vida potencial, a mae é uma vida concreta...

falando em vida potencial ou vida: um ovulo é vida. Um espermatozoide é vida... que diferença têm estas duas celulas de um feto com 7 dias que ainda nem sistema nervoso tem? Onde está o limiar da vida e da potencial vida nao vos sei dizer mas nao ha-de ser pelo conceito de vida que la chegamos...

Se formos pela vida os catolicos sao TODOS uns criminosos. Comemos ovos, comemos carne, comemos peixe... abiam que tudo isso é substituivel por cereais? sabiam que a comida vegetariana e macrobiotica é tao rica ou mais que a mediterranica? tendo a mais valia de nao ter as toxinas que advem de comermos cadavares, mas o que interessa isso, não é senhores?! sao animais, nao sao pessoas...

O mesmo amor com que Deus criou o homem foi aquele com que criou as plantas e os outros animais. quem somos nos para falarmos de matar quando matamos animais para comer e pessoas para enriquecer??? Nao vos vi tao activos a quando da tentativa de empedimento da ida de militares para o Iraque. O que são aquelas vidas para voces? porque se levantam tantas vozes no caso do aborto e no caso da guerra se cruzam braços?

Deixa-me de veras maravilhada ver quao entendidos sois no tema do aborto e das razoes que levam uma mulher a abortar. Como sabem voces disso? Têm casos de aborto na familia ou andam a ler muito? se colocarem um pouco no meio desta realidade apercebem-se que não é por leviandade que o aborto se faz. Ninguem faz com leviandade algo que causa tanta dor. conheço quem o tenha feito, mais do que um caso e não é bonito nem repetivel, mas quem fez nao se arrepende, apenas se entristesse por o ter feito.

Falando em dor, se a dor é assim tao grande, se o trauma é assim tao grande, como podem temer que o aborto se torne um metodo contraceptivo? acham mesmo que alguem se sujeitaria a um segundo aborto depois do que se sofre? tenham paciencia...

esclarecimento:
- Sou cristã, não sou catolica
- EM PRINCIPIO nunca faria um aborto mas exijo que se dê essa liberdade de decisão pois é a unica maneira de realmente haver liberdade de expressao e de despoltar na opiniao publica o dever de evitar esta situação.

3:11 da tarde  
Blogger /me said...

Carla, francamente, vai ler o resto do blog antes de nos chamares de hipócritas, sim?

3:23 da tarde  
Blogger Maria João said...

Ao contrário do que disse a Carla, há mulheres que voltam a fazer um aborto... Não podemos esquecer isto.

O que eu acho é que esta luta não devia ficar pela campanha. ganhe o sim ou o não deveríamos continuar a lutar para que as políticas sociais melhorassem.

3:36 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Votar "Não", não resolve o problema, apenas o esconde... não evita o aborto, não o extingue, apenas fingimos que não acontece..

1:10 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Tenho colocado a questão a adeptos do "sim" mas, até agora, ninguém me quer (ou sabe) responder a isto, pode ser que aqui haja alguém mais esclarecido:

Se o "sim" vencer e se uma mulher quiser ter um filho mas o companheiro não, será que ele vai ter de continuar a ser forçado a aceitar a paternidade, conceder pensões, etc?

Então a mulher passa a poder decidir se quer ser mãe ou não mas o homem pode ser obrigado a ser pai? Curiosa igualdade esta...

Também me parece aberrante a ideia de uma mulher poder ocultar a gravidez durante 10 semanas para mais tarde poder forçar o companheiro a assumir uma paternidade que não desejava e que não precisava assumir...

Ou a ideia de uma única pessoa poder decidir sobre um filho que é de dois...

Ou que uma mulher possa entender abortar porque tem gémeos e só lhe dava jeito ter um filho...ou que peça ao médico para abortar um deles e o outro não?!..

E não vou aqui falar do conceito de vida e dos direitos que se podem entender atribuir ao feto, porque essa discussão já vai longa e decerto adivinham a minha posição, mas na verdade tenho curiosidade em que alguém me responda às perguntas que fiz e me explique como tudo aquilo pode ser possível..

1:32 da manhã  

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