Ideias simples
À medida que o referendo se aproxima, as posições vão-se extremando. Quase sem dar por isso, quem tem parte activa na campanha, acaba por perder-se em "tiros ao adversário".
Não é essa a minha intenção. Nem vale a pena.
Considero mais útil insistir em ideias simples.
1. Não é relevante o dinheiro que se gasta ou se poupa em qualquer dos casos. Não é uma questão de dinheiro.
2. Os casos "razoáveis", interpeladores de toda a consciência e do simples bom senso (violação, malformação ou perigo de vida da mãe), já estão previstos na lei e assim vão continuar.
3. Não há mulheres presas por aborto, e as que foram a julgamento continuariam a ir, caso a proposta de referendo fosse aprovada, uma vez que se referem a abortos realizados muito depois das dez semanas.
4. O prazo das 10 semanas é arbitrário, sem fundamentação científica nem outra qualquer que se possa aceitar como razoável.
5. A pergunta do referendo não se limita à despenalização, mas a uma liberalização sem qualquer limite.
6. Por muitas voltas que se lhe dê, "abortar é mandar uma vida à viola".
Repetir estas ideias pode parecer maçador. Mas perdermo-nos em novelos argumentativos parece-me perda de tempo.
Não é essa a minha intenção. Nem vale a pena.
Considero mais útil insistir em ideias simples.
1. Não é relevante o dinheiro que se gasta ou se poupa em qualquer dos casos. Não é uma questão de dinheiro.
2. Os casos "razoáveis", interpeladores de toda a consciência e do simples bom senso (violação, malformação ou perigo de vida da mãe), já estão previstos na lei e assim vão continuar.
3. Não há mulheres presas por aborto, e as que foram a julgamento continuariam a ir, caso a proposta de referendo fosse aprovada, uma vez que se referem a abortos realizados muito depois das dez semanas.
4. O prazo das 10 semanas é arbitrário, sem fundamentação científica nem outra qualquer que se possa aceitar como razoável.
5. A pergunta do referendo não se limita à despenalização, mas a uma liberalização sem qualquer limite.
6. Por muitas voltas que se lhe dê, "abortar é mandar uma vida à viola".
Repetir estas ideias pode parecer maçador. Mas perdermo-nos em novelos argumentativos parece-me perda de tempo.
Quem olha para a vida da perspectiva de uma ética de cuidado, não pode aceitar o aborto. Cuidar de mim, do outro e do meu contexto vital é promover soluções dignificadoras de todo o ser humano. Que cada um pode fundamentar nas mais variadas convicções. Mas uma certeza transversal percorre todas essas possíveis argumentações: cuidar não pode passar por eliminar.
Cuidar é acarinhar, ajudar a crescer, querer bem, estimular o bom, o belo e o verdadeiro. Com compromisso, responsabilidade e um uso "cuidadoso" da liberdade.
34 Comments:
E o Aborto Musical? Um embrião musical só é considerado musica a partir de quantos compassos? e os contraceptivos musicais e as doenças musicalmente tranmissiveis?
Estas ideias "simples" são pura e "simplesmente" a complexa e fundamental essência da consciente, responsável posição de não aceitação do aborto!!
Discursos elaborados e requintados transmitem com efeito muitos saberes, mas uma pessoa perde "o fio à meada", não há um fio condutor com pricípio meio e fim pois quer-se a todo o custo dar diferentes perspectivas para justificar e comprovar.
Ideias simples e falsas têm um nome:
PROPAGANDA.
E proposta de "repetir estas ideias" até á eaxustão enquadr-se no conceito-
Uma mentira muitas vezes repetida transforma-se em verdade.
Vai ser esta a cartilha das homilias?
Como diz o anónimo, nada de "Discursos elaborados e requintados " nada de "dar diferentes perspectivas para justificar e comprovar."
Nap. Atirem á populaça com trocadilhos fáceis e aldrabices simples de digerir..
Finalmente admitem que não querm o debate sério e profundo.
Mas isso já muitos de nós sabemos.
O ponto 3, 4 e 6 não estão formulados correctamente:
3- O facto de não haver mulheres presas por aborto e das que terem ido a tribunal estarem em situação de mais de 10 semanas é apenas isso: acaso. De quem denuncia e de quem não denuncia. Acaso do juiz que tem o processo e do próprio MP.
Não se pode inferir que, lá por não terem ido não possam passar a ir presas e, muito menos que isso só aconteça depois das 10 semanas. ( o argumetno foi falacioso)
ponto 4- O prazo de 10 semanas pode ser errado em muitos aspectos mas nunca por não se basear em critérios científicos. O problema é que se baseia apenas em critérios de duração e não impõe mais nenhuma condição. Podem ser todos os casos dentro deste espaço temporal.
6- Este ponto não é tão simples porque é evitar que uma vida continue a sua gestação e venha à luz e se concretize; mas também vai à vida nas inseminações artificiais. Vão uma data deles à vida. Sobram sempre muitos para além daquele que é introduzido no corpo humano.
Não deixa de ter a sua "piada" ninguém falar neste aspecto...
........
É claro que, para sermos totalmente consequentes, deveríamos defender a família natural, preserverar o instinto natural de procriação e evitar os desvios desse quadro familiar- de um homem+uma mulher fértil+ amor= base da família; núcleo da socieade e continuação saudável da espécie.
Simplesmente isto é que já foi infringido há muito. E tende a sê-lo cada vez mais.
vão à viola, ficaria melhor do que vão à vida. Vão mesmo à viola no panorama do Admirável Mundo Novo. Vai tudo à viola...
ehehehe
àparte: a bluessmile a exigir argumentos aos outros é outro paradoxo... e muito divertido...
Para não abortar há todas essas razões e mais uma: a legalização do aborto não vai acabar com o aborto clandestino! Quando uma mulher por alguma razão não pudesse abortar num hospital (o que é um crime, porque quem lá trabalha tem de defender sempre a vida como toda a gente e com mais razão) não deixaria de ir à "candonga" que até é mais barata! É como a droga: nos países onde a droga é legar, o mercado negro disparou depois da legalização porque os traficantes deixaram de ser presos! O mesmo se aplica em relação ao aborto!
VIDA SEMPRE!
A maior parte das pessoas nem sequer reflectiu com seriedade sobre este tema e isso é muito triste. Gostava de saber uma coisa impossível: de todas as mulheres que já abortaram (por todo o tipo de razões sejam elas pessoais, médicas etc) quantas ainda continuam a defender o aborto?
Provavelmente muito poucas...
Para mim o direito á vida é um direito fundamental! Um feto, como lhe chamam, não é um sinal que se tira só porque não é estético! É um ser humano, é já uma pessoa. Apenas ainda não se consegue manifestar. Mas não será por isso que lhe devemos tirar os seus direitos fundamentais.
errata: a fertilidade tanto é necessária ao homem como à mulher: a história da inseminação artificial é que precisa de desenvolver embriões cá fora para os introduzir no corpo feminino: quem o quer podem ser ambos.
A partir do momento em que a procriação não se contenta com o que a natureza oferece, tudo é possível.
E, quem diz a procriação diz outras coisas.
Para o ano há mais.
1. Concordo. Alguns defensores do não é que trouxeram o argumento económico para o debate e concerteza já angariou muitos votos. Basta ir ao blasfémias para ver.
2. Correcto, mas não deixa de ser legítimo abordar as excepções porque a grande maioria dos apoiantes do não argumenta de forma que as excepções não sejam válidas. Se queremos compreender o assunto na sua totalidade não há como evitar este ponto.
3. Aponta factos verdadeiros mas esquece o contexto. As mulheres que interrompem a gravidez são efectivamente perseguidas, e a grande maioria que não o foi/é sabe o que lhes pode acontecer e por isso vive esse drama. Também temos que pensar que se a lei fosse cumprida com rigor muitas mais seriam perseguidas.
4. Quanto ao prazo não tem razão nenhuma e insiste num argumento que o "não" tem usado mas que não faz sentido nenhum. Em primeiro lugar o prazo faz sentido porque dá tempo suficiente para a mulher poder escolher. Depois, a escolha de limites em situações em que não é possível estabelecer uma fronteira precisa é usado frequentemente. Não há outra forma.
5. Não é verdade. O limite são as 10 semanas e com as importantes restrições de ser feita em estabelecimentos de saúde autorizados e por escolha da mulher.
6. É verdade, e daí? Nem se preocupou em dizer que é uma vida humana, nem porque é que é importante para si. Esta ideia simples é daquelas que eu considero criticáveis pela razão que a bluesmile apontou.
miúda: "...a legalização do aborto não vai acabar com o aborto clandestino!"
Mas vai reduzi-lo substancialmente. Podemos prever que na grande maioria dos casos. Se a preocupa a clandestinidade tem uma boa solução no dia 11.
Luis,
intrometo-me na vossa troca de opiniões mas não posso de todo concordar com o que apresenta como facto.
Não é verdade que vai reduzir substancialmente o aborto clandestino. Está provado em países da Europa, cujo aborto é legal, que continuou e até aumentou o nº de abortos cladestinos. Países como por exemplo a Holanda, extremamente liberais.
Porque é que não diminui? É simples, quem vai fazer um aborto, nunca vai de ânimo leve (salvo excepções), vai muitas vezes envergonhada, pressionada angustiadae por isso vai ao sítio menos usual, vai ao sítio onde não será reconhecida. Isto é real! Não é demagogia só para sustentar a minha posição.
A Plataforma "Não Obrigada", irá realizar no próximo dia 11 de Janeiro de 2007, quinta-feira, às 11.30h, no Hotel Tivoli, em Lisboa, uma Conferência sobre "A MULHER E O TRAUMA PÓS-ABORTO".
Esta Conferência terá como oradores o Prof. Adriano Vaz Serra, Psiquiatra e Professor Catedrático de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Coimbra, a Dra. Margarida Neto , Psiquiatra e a Dra. Maria José Vilaça, Psicóloga.
Durante a Conferência serão revelados e facultados estudos científicos que sustentam as intervenções dos participantes e comprovam a evidência científica do trauma pós-aborto.
Os oradores estarão à disposição para responder a todas questões relacionadas com este tema.
Para mais informações contactar:
Inês Teotónio Pereira
917727126
Tiago Cardoso
963041232
Tendo em conta que o ministro da "Saúde" pretende proibir abortos no público, para quem exija o anonimato..., o constrangimento de quem já vai temeroso em busca dessa solução, só o pode conduzir aos privados (para quem tenha posses, fazendo um favor ao Estado) ou à clandestinidade, mantendo o flagelo actual.
Estranhamente, o acórdão 617/2006 do Tribunal Constitucional, que em Novembro passado verificou a constitucionalidade do referendo, começa por apresentar os projectos de lei que foram reprovados e ignora o 19/X/1 do partido socialista, que está subjacente ao referendo, aprovado em Abril de 2005.
Acontece que nesse projecto se propõe uma alteração ao Código Penal que contempla a exclusão de ilicitude do aborto “por razões de natureza económica e social” até às 16 semanas (cf. alínea c do nº1).
É patente a armadilha estendida ao cidadão votante no referendo: se as 10 semanas vencerem, a liberalização irá na prática até às 16, uma vez que as sobreditas “razões” económicas ou sociais não excluem “pedidos” e “opções”. Isto se o processo legislativo subsequente ao referendo não alterar nada, o mais provável uma vez que este expediente satisfaz mais que amplamente o que estava proposto nos projectos dos outros partidos de esquerda.
Urge denunciar e esclarecer a situação.
Que ninguém se iluda. Isto das clínicas topo de gama para dar à mulher boas condições para a prática de aborto é uma farsa. Na realidade, é como tudo... primeiro faz-se tudo e mais alguma coisa, vai ser tudo um mar-de-rosas;depois há sempre imprevistos, ou por isto ou por aquilo e as codições ideais acabam sempre por não passar de um projecto.
E o aborto clandestino vai ser difícil acabar porque há sempre quem não queira que se saiba que engravidou, quem queira encobrir, quem o faça às escondidas.
ka,
Era para ter comentado uma frase sua e depois esqueci-me. Aqui vai:
"de todas as mulheres que já abortaram (por todo o tipo de razões sejam elas pessoais, médicas etc) quantas ainda continuam a defender o aborto?
Provavelmente muito poucas..."
Vou-lhe dar os dados do estudo da APF.
As Posições face ao próximo Referendo
Vai votar a FAVOR da despenalização 56,5%
Vai votar CONTRA a despenalização 22,4%
Não vai votar 21,1%
Sobre o que diz da despenalização não diminuir a IVG clandestina sou-lhe franco, não tenho dados. Mas ainda assim não acredito minimamente que na Holanda o número aumentou. Não faz sentido nenhum. Ainda por cima nesse país em que o limite são as 24 semanas. Se tem acesso a dados indiquemos por favor.
Esse problema da vergonha é um falso problema. As mulheres fazem-no na mesma de qualquer forma e o dar o nome num hospital não vai ser desinsentivo porque o sigilo médico as protege.
Fui ao seu blog e vi as imagens choque e os bebés em posts sobre a IVG. Para mim isso é jogo sujo, é manipular as pessoas e apelar ao medo e à ignorância. É manipulação pura e simples.
Dados sobre a dimuinuição do aborto após a despenalização:
http://www.johnstonsarchive.net/policy/abortion/italy/ab-italyr.html
Diminuição do aborto em Itália http://www.johnstonsarchive.net/policy/abortion/italy/ab-italyr.html
http://www.johnstonsarchive.net/policy/abortion/italy/ab-italyr.html
Em França
http://www.johnstonsarchive.net/policy/abortion/sweden/ab-swac.html
http://www.johnstonsarchive.net/policy/abortion/italy/ab-italyr.html
Em França
http://www.johnstonsarchive.net/policy/abortion/sweden/ab-swac.html
http://www.johnstonsarchive.net/policy/abortion/italy/ab-italyr.html
Em França
http://www.johnstonsarchive.net/policy/abortion/sweden/ab-swac.html
Quanto ás mentiras do anónimo sobre prazos..já foram aqui negadas pelos autores deste blogue.
Modera-te, Zazie.
Luis,
Ainda bem que foi ao meu blog.
REalmente tem uma imagem choque, uma imagem desagradável! Sabe porque razão foi posta? É simples, foi posta para conforntar as pessoas com a realidade!!!
Estamos a falar de uma vida interrompida e não de um sinal inestético que pode ser tirado se bem nos apetecer. A ideia foi mesmo confrontar quem não está informado, o que é que está em causa. Está em causa um ser humano ao qual lhe querem tirar um direito fundamental.
Não sou prepotente ao ponto de condenar alguém pelas suas decisões. Deixo isso para a consciência de cada um. Mas está aqui em causa um direito fundamental, o direito á vida, que não deve ser retirado sem mais nem porquê.
O nosso país desafortunadamente tem um grave problema cultural e esta liberalização será encarada na prática como mais um meio contraceptivo.
Cara bluesmile,
Obrigado pela intenção mas devo adverti-la que esse site não me merece credibilidade. Já num outro blog me apresentaram dados dessa fonte e fui vasculhar mas depois desisti. No entanto podemos seguir as ligações que o autor aponta como fontes que são bem mais fiáveis.
ka,
Essas imagens não significam nada ou vai votar "não" por o embrião ou o feto terem uma aparência próxima da humana? É apenas uma maneira fácil de angariar votos à custa do sofrimento das mulheres que interrompem a gravidez.
Caro Luis,
Aparência próxima da humana?
Acho sinceramente que está errado. É mesmo aparência humana, numa fase inicial está claro mas é de um ser humano que falamos.
A ideia não é de todo uma fácil angariação de votos pois para isso bastaria desmontar os argumentos do sim. A ideia é levar as pessoas a perceber o que estamos realmente a discutir: estamos a discutir um direito fundamental que é o direito á vida.
Há uma perspectiva que quase ninguém pensa. Se a liberalização passar, as mulheres, ao contrário do que é dito, vão ficar mais desprotegidas. Estarão sujeitras a mais pressões que por parte do emprego como também do marido que não queira a criança e lhe diga que "ela" deve tratar do assunto, pois o aborto até é legal!
Será que ninguém pensa nisto?
PS - Luis não é por ser legal que as mulheres sofrerão menos. Infelizmente irão sofrer o mesmo.
"Quanto ás mentiras do anónimo sobre prazos..já foram aqui negadas pelos autores deste blogue.
Modera-te, Zazie. "
?!?!?!
Que é que tenho a ver com isso?
moderar-me? em quê?
Essa havia de ter piada. Uma "zazie no metro" a ser mandada...
ka,
Pensei que se subentendia nessa frase que me referia a um ser humano adulto como os que vão votar neste referendo. Senão não faria sentido usar essas imagens para impressionar. Diz que seria mais fácil desmontar os argumentos do "sim", mas entre colocar uma imagem e perder imenso tempo a discutir todos os aspectos em questão é evidente que é mais fácil optar pelo choque. Eu penso que o "não" não tem argumentos válidos mas mesmo assim sei a dificuldade que é desmontar as suas ideias com toda a criatividade que têm mostrado em justificar a sua posição.
O que diz sobre a despenalização não melhorar as condições da mulher não é verdade porque em último caso, se elas acharem que é melhor faze-lo calandestinamente, fazem-no como acontede agora. Seja como for não vejo como é que as suas condições não podem melhorar se deixam de ser perseguidas e têm a possibilidade de acesso a condições médicas muito melhores.
Uma coisa que a ka tem que ter em atenção é que não está a defender vida nenhuma neste referendo. Está sim é a defender uma moral que defende a vida, o que é totalmente diferente. Eu, entre uma moral e a realidade do sofrimento das mulheres que optam por interromper a sua gravidez, opto claramente pelas mulheres (já para não falar que são pessoas e os fetos estão longe disso).
Nem mais, Luís.
Bom dia a todos!
Luis, respondendo aos seus comentários:
- afinal dá razão a quem defende o não ao aborto pois ao contrário do que muita gente diz afinal continuará a haver abortos clandestinos. Claro que a maior parte das mulheres que abortam não o faz de ânimo leve e por essa razão continuará a fazê-lo num sítio longe do seu ambiente do dia-a-dia. Porque é que eu agora não disse todas as mulheres estará o Luis a pensar... Não disse porque (e indo ao estudo que refere num comentário seu anterior) as razões que levam 46,1% das mulheres a abortar são puramente egoístas! Não usaram qualquer tipo de contraceptivo!!!!
Também não foi por si referido que 43,6% das mulheres tiveram problemas emocionais pós-aborto. Afinal o sofrimento existe sempre.
Estamos numa era em que a informação chega a todo o lado e por isso é falacioso usar números com leituras parciais. A grande verdade é que querem liberalizar o aborto por razões muito diferentes da dignidade das mulheres. Aliás reparei que passou ao lado do argumento que apresentei quando falo que as mulheres ficarão desprotegidas na medida em que estarão mais vulneráveis a pressões de quem não queira assumir uma paternidade ou então por parte da entidade patronal.
Dou-lhe este exemplo: uma rapariga nova, de uma família pobre que fique grávida terá uma grande probabilidade de ser pressionada pela família a abortar por não haver dinheiro para criar a criança. Esta rapariga se quiser ter esssa criança, estará mais desprotegida do que neste momento em que tem a lei a apoia-la.
Poderia estar aqui a dar mais exemplos válidos mas acho que este já dá uma ideia.
Sou católica praticante, assumo isso com muito gosto! No entanto posso dizer-lhe que a minha postura em relação a este assunto começa antes da minha religiosidade. Começa porque sei que há vida num feto, como lhe chama! Para mim esse feto já é pessoa!
ka,
Não nego que possam continuar a haver abortos clandestinos. O que me parece evidente é que a clandestinidade vai diminuir drasticamente e tornar-se residual.
A Ka foi buscar alguns dados ao estudo da APF para me acusar de parcialidade e de ser falacioso. Já reparou que fez o mesmo? Pegou em alguns dados e deixou o resto de fora. Mas há uma grande diferença entre o que eu fiz e o que a Ka fez. Eu coloquei os dados que desmentiam a sua assunção que as mulheres que fizeram um aborto deveriam votar "não". Foi uma resposta directa a um assunto particular. Já a Ka foi buscar outros dados que não têm a ver com essa questão para usar como argumentos. Não me importo que o faça, podemos discutí-los, porque é importante abordar todas as vertentes. Agora, não me chame parcial ou falacioso por causa disso.
Vamos lá ver isso então.
"as razões que levam 46,1% das mulheres a abortar são puramente egoístas! Não usaram qualquer tipo de contraceptivo!!!!"
É uma conclusão sua para a qual não tem bases que a suportem. Admito que haja quem possa ser irresponsável, como em tudo, mas apenas isso.
"Também não foi por si referido que 43,6% das mulheres tiveram problemas emocionais pós-aborto. Afinal o sofrimento existe sempre."
Não me lembro de dizer que o sofrimento não existe, tanto que nem penso isso. Mas é estranho usar esse argumento já que estamos a falar de abortos feitos na clandestinidade pelo que o seu argumento funciona ao contrário do que pretende.
"A grande verdade é que querem liberalizar o aborto por razões muito diferentes da dignidade das mulheres."
!!!
Não. São as mulheres que interessam efectivamente.
As mulheres ficarem mais desprotegidas com a despenalização é, mais uma vez, uma assunção sua em que não encontro razões que a fundamentem. Penso que as pressões existem sempre e mais intensidade terão se forem acolhidas por pessoas sem responsabilidades legais - as que executam o aborto - em situação de clandestinidade.
É óbvio que uma rapariga que fique grávida de um sujeito que depois quer dar à sola, fica mais desprotegida para invocar o direito de ter o filho.
E ele mais protegido para aconselhar o aborto sem problemas.
Não sei onde é que está a confusão neste argumento.
E, até penso que este é um caso que continua a ser recorrente.
Se, socialmente, existe vantagem em criar mães com filho a cargo fora do casal; ou há vantagem de produzir mulheres autónomas trabalhadoras, livres de encargos de filhos, é outra coisa. E é para os planeadores sociais.
E nada tem a ver com direitos.
Comentário a Luis V:
Fui lendo o texto original e os comentários até que encontrei este:
ao ponto 6. O texto original diz o seguinte:6. Por muitas voltas que se lhe dê, "abortar é mandar uma vida à viola". Comentário de LUIS V
6. É verdade, e daí? Nem se preocupou em dizer que é uma vida humana, nem porque é que é importante para si. Esta ideia simples é daquelas que eu considero criticáveis pela razão que a bluesmile apontou.
Meu comentário: É verdade, e daí?!
Mas o senhor perdeu 1 segundo que fosse a pensar naquilo que escreveu?! Primeiro gostaria que me explicasse como é que sendo uma vida pode não ser uma vida humana. Começa por ser só uma vida, assim, simplesmente vida. Depois o Acaso ou a Intervenção Divina com um estalar de dedos tornam-na vida Humana? E assim deixamos de ter uma couve lombarda a nascer no ventre materno, porque aquela vida podia obviamente ser uma couve lombarda ou esmo um camelo, mas, MILAGRE-COMO PODEREMOS COMPREEDER ESTE MISTÈRIO?!, tornou-se vida Hunana. Ou será que há varios graus de vida Humana? Assim como uma escadinha que se sobe e só nos tornamos Humanos quando finalmente deixamos de defender o direito á vida a qualquer ser Humano, independentemente da sua idade, cor, religião, etc. Se é uma vida só pode ser uma vida Humana e logo deve ser defendida como qualquer outra.
PS: Sei ser menos irónico, mas perante tal comentário não posso deixar de o ser.
Max
CAro Max,
Para lhe poupar tempo para se dedicar a coisas realmente importantes informo-o do que o nosso amigo Luis V diz acerca desta vida: "ka,
Essas imagens não significam nada ou vai votar "não" por o embrião ou o feto terem uma aparência próxima da humana? "
Max, o Luis defende mesmo que não é um ser humano que ali está e perante este facto acho que nem vale a pena perder mais tempo a discutir pois realmente estamos em linhas paralelas que nunca se cruzarão..
O Luis v também tem a aparência de um ser pouco racional e ´nada sensível e no entanto, vota...
Bastava perguntar-se-lhe quando é que ele acha que passa a ser responsável por uma gravidez.
Ó zazie, com estes seus escritos e vem falar da minha racionalidade? :) Se um dia se resolver a argumentar seriamente sem a mesquinhes habitual dos ataques pessoais vai ver que toda a discussão que as outras pessoas desenvolvem lhe começa a parecer menos estranha.
Mas não percamos tempo com ruídos e vamos ao que interessa. A ka disse uma coisa que não está correcta. Eu, nem ninguém, diz simplesmente que o feto não é um ser humano, porque é evidente que pertence à espécie Homo sapiens. O que o feto não é concerteza, é uma pessoa, sem sombra de dúvida. O termo "ser humano" também pode ser usado neste sentido, de pessoa.
Diz o Max
"Primeiro gostaria que me explicasse como é que sendo uma vida pode não ser uma vida humana."
Passando ao lado a leitura literal desta frase porque dessa forma não faria sentido nenhum (a vida humana não é a única forma de vida que existe) a resposta a esta pergunta já lha dei ao responder à ka. Vida humana é equivalente a ser humano, pode ter dois sentidos distintos.
Max: "Depois o Acaso ou a Intervenção Divina com um estalar de dedos tornam-na vida Humana?"
Este é um dos grandes problemas. Os crentes não conseguem perceber que não podem misturar fé nesta questão que diz respeito a toda a gente. Para os mais fundamentalistas isto torna-se uma questão de ressabiamento (repesco aqui a zazie como bom exemplo do que digo).
Max: "Sei ser menos irónico, mas perante tal comentário não posso deixar de o ser."
Devia preocupar-se em perceber todos os lados em debate. Todo o seu comentário passa ao lado do essêncial, de a vida humana depender do valor que nós lhe damos e que esse valor não é absoluto mas deve ser discutido e fundamentado (por exemplo, o valor da vida de um feto anencefálico). Não há possibilidade nenhuma do feto até às 10 semanas poder ser considerado uma pessoa. Para os fetos com consciência e senciência a situação muda de figura e para as pessoas então o valor da sua vida é facilmente fundamentado.
A nossa diferença é essa (já para não entrarmos no campo dos direitos das mulheres), o Max diz que o feto tem direito à vida porque sim, eu procuro razões para as conclusões que tiro.
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