Razöes do Näo

No próximo referendo sobre o aborto votaremos Näo. Aqui se tenta explicar porquê.

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

A consciência

Na "consciência" parece caber tudo. Há quem entenda que basta dizer que certo problema ou tema é "uma questão de consciência" para tal conteúdo ser remetido para uma espécie de limbo onde ninguém tem o direito de aceder.
É bom esclarecer que isto é uma patetice.
Esse entendimento de "consciência" só é admissível (e certo!) no que à minha liberdade pessoal diz respeito, à esfera das decisões e atitudes que só a mim afectem e que só de mim dependam. Em tudo o mais, a liberdade da minha consciência está limitada, no que à sua expressão em actos se refere, à legalidade e ao respeito pelos demais. É bom não perder isto de vista. E convém ter isto presente quando se fala de aborto.

11 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Precisamos do vosso voto...

"É positivo que quase toda a sociedade portuguesa seja, hoje em dia, favorável à despenalização das mulheres. Mas temos de ser honestos e perceber bem o que está em causa. Qualquer alteração à actual lei que regula a IVG terá de ser autorizada pelo voto directo dos portugueses. Se o Não vencer, o voto dos portugueses terá de ser respeitado. Respondendo os portugueses a uma pergunta sobre a despenalização da IVG, não é legítimo nem possível interpretar um eventual voto maioritário dos portugueses no Não como permitindo uma despenalização da IVG, seja em que moldes for. Por muito boas que sejam as intenções de alguns, uma democracia tem regras. Foram essas regras que nos levaram a este segundo referendo. São essas mesmas regras que não permitirão despenalizar o aborto se o Não ganhar."
http://logicamente-sim.blogspot.com/2007/02/o-ltimo-cartucho.html

É preciso votar SIM no referendo de Domingo!

5:06 da manhã  
Blogger Maria João said...

Essas regras são facilmente mudadas! Veja-se a situação actual: não há mulheres presas.

Na lei as coisas não são assim tão lineares. Só se houver essa intenção. E a lei em discussão não protege a vida do feto. Numa lei não podemos ter em conta apenas uma das partes.

11:58 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Pena que não fosse divulgado o artº 140 e 141 do Código Penal,que despenaliza a mulher,abrangendo um leque de situações,onde cabem todas as causas de infortúnio e de pressão psicológica.Assim subsiste a confusão quanto ao que realmente se pretende com o sim a este referendo.
Se vencer o sim e se nesta sociedade ferozmente liberal se proceder a uma industria de abortos,para venda de células estaminais,como evitar?

12:36 da tarde  
Blogger Ka said...

Caro Manuel,

Sempre com bons posts até ao fim!

Por mim termino aqui a minha participação.

Não queria deixar de vos dar os parabéns pelo vosso blog que ajudou muito ao esclarecimento de muita gente.

O meu blog voltará á sua ideia inicial após o dia 11.

Espero a visita de todos :)

Ps - Espero ter contribuído de alguma forma para uma discussão esclarecedora!

2:16 da tarde  
Blogger maria said...

Manel,

leio com alguma perplexidade este teu post. Acho que te excedeste. Compreendo que o tema te empolgue, te leve a viver tudo isto de forma apaixonada.

Se não é na nossa consciência, pior ou melhor formada, que se decidem os nossos actos e atitudes, é onde?

Ou uma pessoa que consulte a sua consciência (segundo o teu critério)só tem uma opção a tomar neste referendo: Votar "não"!

Não estás a assumir uma posição que não te pertence? Substituir-te à consciência de cada um! Isso é moral?

5:38 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Maria João,
Não há mulheres presas mas há mulheres julgadas. Vejam-se as consequências absurdas de meter o Código Penal ao barulho neste assunto:

"No dia 11 de Fevereiro vou votar SIM. Determinadamente. Porque levo na cabeça uma cena que não julgava já possível em Portugal, no século XXI: a daquela mãe que chorava, num corredor do Tribunal de Aveiro em 2004, depois de me contar o terror que vivia há anos, desde que a filha adolescente, à saída de um consultório médico, fora arrastada por dois polícias para dentro de um carro, levada ao hospital e forçada a submeter-se a exames ginecológicos. Na sala ao lado estava a filha sentada no banco dos réus, acusada de aborto - seis anos depois, já casada e gravidíssima. A mãe ficara a saber, no tribunal, que toda a família fora alvo de escutas telefónicas anos a fio." ( continua em http://aba-da-causa.blogspot.com/2007/02/ivg-sim-pela-vida.html )

Eu, claro, votarei SIM também.

PS. Que se desenganem os do NIM; não têm o direito de defraudar quem, sem alibis confusos, vota não.

5:42 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Manuel,
mas então e aqueles que PENSAM que não há aqui ainda outro a considerar e que se trata de um apêndice apenas da mãe?

5:50 da tarde  
Blogger Manuel said...

EStimada MC,

Não creio que me tenha excedido. E também não creio que viva esta questão de forma empolgada ou apaixonada. Tenho tentado olhar para o problema com serenidade.
O que disse é muito sinples e estou quase certo que tu até concordas. Certamente que todas as nossas decisões são tomadas (ou devem ser) em consciência. Mas é fácil perceber que se eu, em consciência, achar que posso fazer alguma coisa que, na prática, te cause dano, essa minha acção estará sempre limitada pelos teus direitos, reconhecidos em lei ou, em casos menores, pela simples sanção social.
Eu posso achar, em consciência, que tenho razões para, em determinada circunstância, conduzir a 200km/h pela auto-estrada. Mas também sei que estou a infringir uma lei, pensada para me proteger a mim e aos outros das consequências nefastas que esse acto pode ter. O exemplo é pateta, mas acho que dá para compreender.
Ou seja: não basta eu considerar que tomo uma decisão em consciência para que essa decisão seja legítima.
A acção decorrente da minha liberdade de consciência, vê-se obrigada a considerar factores tão importantes como o bem do outro.
Resta acrescentar que a consciência não existe no vazio. É fruto de reflexão, de experiência e de permanentes referências a valores e princípios tidos como bons e positivos...
Não considero que tenha dito nenhuma barbaridade, nem sequer nada de atrevido. Parece-me algo bastante evidente...

5:58 da tarde  
Blogger Manuel said...

Caro anónimo das 5.50,

Admito que haja muita gente a pensar assim.
A esses, eu apenas posso dizer que, tendo em consideração a informação disponível, me parece que estão errados. Parece-me uma excessiva desvalorização da realidade e potencialidade do embrião.

6:10 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Manuel,
Ser uma questão de consciência significa que é um assunto mais complicado que decidir andar a 200km/h na auto-estrada. Significa que não há consenso social sobre os valores morais e éticos a ponderar na decisão. E, por inferência, é impossível julgar, muito menos penalmente, a justeza dos motivos.

8:03 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Manuel,

parece-te que estão errados, exact: "parece-te" a ti mas não tens a certeza, como ninguém tem. Para quem ache que a informação disponível não é conclusiva sobre o assunto, não será mais razoável, decidir em prol de uma certeza (a mãe) em vez de decidir em prol de uma incerteza?
Daí os caminhos diferentes que as consciências percorrem para chegar a diferentes conclusões igualmente legítimas.

O melhor mesmo era perguntar ao feto o que ele quer, como não podemos, uns acham que o melhor é ele nascer sempre, independentemente das circunstâncias, outros acham que o melhor é ponderar, só isso, todos achamos que estamos a fazer o melhor. Daí que essa questão da consciência tal como tu a apresentaste, dilui-se. Ou pensarás que os "nãos" são mais conscienciosos do que os outros? Isso é que é inaceitável e arrogante.

7:33 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home