Razöes do Näo

No próximo referendo sobre o aborto votaremos Näo. Aqui se tenta explicar porquê.

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Os não desejados

É uma crueldade fazer nascer uma criança que não é desejada. Um filho só deve nascer se é desejado e amado. Se uma mulher grávida não deseja o filho já concebido, mas não nascido, deve ter a liberdade de optar pelo aborto.

Este argumento tem sido usado até à exaustão por muitos defensores do SIM. E fazem-no dando-lhe o ar enternecedor de quem "só quer o bem das crianças". Se o embrião falasse, decerto dasabafaria: "Com amigos assim, não preciso de inimigos".
Este argumento não se limita a ser falso. Também é cínico. E hipócrita.
O valor da vida de um "outro", qualquer que seja, não depende, em nada, de quanto eu o "desejo" ou "amo". Esta lógica deixa à vista um retorcido egoísmo. O que mais há por aí são filhos "indesejados", muito contentes e felizes da vida. Porque nasceram, mesmo sem terem sido planeados, desejados ou amados. Nasceram, cresceram, fizeram-se à vida e tiveram muitos filhinhos. E foram felizes. Ou não. Como todos.

Isto não tem, obviamente, nada a ver com a mais que reconhecida legitimidade e necessidade de um planeamento familiar responsável. Mas esse planeamento faz-se a montante da concepção. Como a própria expressão indica. Às vezes os planos falham? É verdade. Mas como em muitos outros sectores da nossa vida, a solução não passa por fingir que não aconteceu nada e seguir adiante. A liberdade não existe sem responsabilidade. Ou entendemos que no que se refere aos filhos concebidos não há responsabilidades que assumir?

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Tantas vezes que acontecem coisas nas nossas vidas que não são desejadas e depois acabam por ser um bem para nós.
Quantos de nós teremos sido desejados desde o primeiro momento?
E mesmo assim aqui estamos, e mesmo assim vivemos, e mesmo assim fomos amados e queridos pelos nossos pais que deram tudo o que tinham e não tudo o que os outros podem ter.

6:15 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não será também um pouco hipócrita a posição de algumas pessoas que estão contra a legalização da interrupção voluntária da gravidez mas estão de acordo com a actual lei? Será que no vosso ponto de vista, um feto fruto de uma violação seja menos digno de "alegria"? E os fetos com malformações também são descartáveis? Ponham a mão na consciência, se há hipocrisia, é entre as pessoas que votam não neste referendo mas que estão de acordo com a actual lei... Parem para pensar e verão que se calhar a hipocrisia não é daqueles que votam sim...

11:02 da tarde  
Blogger Joana Veigas said...

João


Essses casos nada têm que ver com o assunto... Pois como deve saber.... Raro é o caso em que uma mulher fica grávida tendo sido violada...
Quanto aos do não, tal como eu... Já houvi muitas pessoas que não concordam com o aborto nos vários casos que já estão na lei... Pois é uma VIDA tal como as outras... Mas agora diga-me... O SIM vai acabar com a lei que já existe??? Que eu saiba não... Simplesmente vai acrescentar mais uma alínea... Por isso... Acho que não estamos a ser hipócritas de modo algum... Pois ao votarmos SIM ou NÃO... Não iremos alterar a lei que já existe...
Isto é só para não dizer que nós é que temos que pensar... Porque acho que isso é o que nós fazemos... E muito... Por isso... Não mande só pensar os outros...
Tal como disse (mas com uma pequena mudança): "Pare para pensar e verá que se calhar a hipocrisia não é daqueles que votam não..."
Pense nisso... E não faça uma acusação como fez... Pois muitas são as pessoas que não acham que o que está já legalizado seja correcto...

Cumprimentos

9:04 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A hipocrisia leva o "sim" a querer que acreditemos que as futuras vítimas de maus tratos serão abortadas.
Defensores das crianças mas apenas se não nascerem!
É triste que a uma criança mal tratada só lhe tenham para oferecer um "não devias ter nascido".

10:34 da tarde  

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