Razöes do Näo

No próximo referendo sobre o aborto votaremos Näo. Aqui se tenta explicar porquê.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Ponto da situação

Torna-se cada vez mais difícil descortinar a substância argumentativa favorável ao SIM no referendo.
Em primeiro lugar, pela razão óbvia: se todos consideramos o aborto "uma coisa má", não se entende que se queira liberalizar e obrigar o Estado a fazê-lo a pedido, como um serviço público, sem sequer perguntar as razões.
Em segundo lugar, porque se há algum tipo de consenso entre os defensores do SIM e os defensores do NÃO, ou pelo menos grande parte deles, é no que se refere à razoabilidade da despenalização. Quase todos advogam por essa despenalização.

Chegados aqui, com propostas despenalizadoras em cima da mesa, aceites por ampla maioria, custa perceber a intransigente defesa do SIM, atendendo aos complexos problemas que iria provocar:

1. Aumento exponencial do número de abortos. Além de se prever a continuação de abortos clandestinos (mesmo que haja uma diminuição do número), a estes somar-se-ão todos os que passarão a caber na legalidade. Haverá, portanto, em números absolutos, mais abortos, quando todos estamos de acordo em que é "uma coisa má".

2. Dificuldade em cumprir a lei que, inevitavelmente, continuará a punir o aborto feito depois das dez semanas. Com que autoridade se vai julgar uma mulher que faça um aborto às 12 semanas, se o Estado os faz, gratuitos e sem perguntar razões, até às 10 semanas?
.
3. Não havendo nenhum controlo, nem acompanhamento, nem limitação às razões invocáveis por quem pede o aborto, não estaremos a deixar muitas mulheres à mercê das pressões familiares, sociais ou patronais? Não passará a haver muitos mais casos de mulheres que, desejando ter o filho, se vêem "obrigadas" por pressões externas, a abortar, à sombra da cobertura legal?

17 Comments:

Blogger lobo mau said...

olá sou defensor do não porque acima de tudo está a vida ,as razões dos defensores do sim soam a falso como a da defesa da mulher como se isso hoje não fosse possivel há mais de 15 anos que nunca ninguem foi preso, e os casos que tem vindo a ser badalados na tv, são abortos feitos para lá das 14 semanas .Queria perguntar aos defensores do sim o que é que vai trazer de novo esta lei a estas mulheres ?
Deixa a tua opinião em http://lobosmaus.blogspot.com

2:52 da tarde  
Blogger Sofia said...

EU QUERO VOTAR NÃO À QUESTÃO PROPOSTA NO REFERENDO E NÃO A OUTRA QUALQUER!!!!!
Estou indignada!!!! Sempre estive convicta de que uma mulher não tem o direito de abortar sob quaisquer circunstâncias (na minha opinião) e desta forma acho que uma mulher que ponha término a uma vida de 1 dia, 1semana, 1 ou 9 meses de gestação deverá ser penalizada com pena de prisão (tal e qual como aconteceria a alguém que terminasse com uma vida de uma criança após ou seu nascimento). Esta é a minha convicção e por isso vou votar NÃO. Não entendo porque agora vêm com uma proposta a pedir a não penalização destas mulheres, desculpando-lhe a pena de prisão. Agora fico confusa... Afinal se votar NÃO, pelos vistos significa SIM com a agravante de não solucionar o problema do aborto clandestino. Com isto realço, que estou totalmente em desacordo com a nova proposta avançada esta semana por alguns dos movimentos do NÃO, que a meu ver vêm deturpar a questão do referendo. Eu concordo com a penalizarão da prática do aborto e não com a despenalização. Por favor deixem-me responder à questão e não me façam fingir que respondo a uma coisa que não o é!!!!!

2:59 da tarde  
Blogger CA said...

Sofia

É como dizes: quando votas não votas não à questão proposta no referendo. E mais nada. Tal como eu. Ambos votamos não embora tenhamos ideias diferentes sobre a penalização. Se o sim ganhasse o resultado seria único e seria definido com base na pergunta e com base nas posições do PS. Ganhando o não fica muita coisa em aberto, incluindo o fim das penas de prisão. O que fica excluido é o aborto "a pedido", por opção da mulher sem qualquer justificação ou pergunta.

3:16 da tarde  
Blogger Má ideia! said...

elas, as mulheres são umas doidas, é o que é. deviam estar todas a ferros com pulseiras de gps. é que elas já deviam saber que se passam dentro delas coisas que dizem respeito a nós todos, porque nós todos é que somos a imensa fraternidade do mundo, e os filhos delas são recebidos por nós com toda a alegria, e elas, as doidas egoistas é que não percebem, tão ocupadas que estão com as suas carreirinhas, as suas manicures, os seus liftings parciais. Aliás, ouvi falar duma certa senhora que usava espartilhos durante a gravidez para não evidenciar nunca qualquer perda das suas graças, tendo, como resultado pequenos monstrinhos que enterrava ao entardecer numa praia lá para os lados do guincho. é uma verdade natural que a mulher se quer para mãe e elas não podem negar isso, que nós em todas as culturas construímos as sociedades para que elas tenham o seu espaço de exercer este talento maravilhoso e comovente que é acariciar o recém nascido contra o seu peito caloroso. Recusar isso é recusar todos os forços que por todo o mundo fazemos para que a vida progrida, geração após geração. Por isso é preciso cuidar dos passos duma mulher desde que nasce até que faz nascer, e vendo-a encaminhada zelar para que tudo se sustente á sua volta. Este modelo de sociedade em que já nada disto acontece gerou uma multidão de víboras, elas cospem nos lares onde não mandam, cegas de poder, conhecem desconhecidos engravidam e depois arrependem-se e ainda querem que legitimemos os arrependimentos delas e chamemos obstáculos a irresponsabilidade das suas condutas. Elas têm que ser postas no seu lugar, à mesa e à cama. E os pretos também.

3:56 da tarde  
Blogger Má ideia! said...

agora a sério. "Elas" já são obrigadas a "abortar" mesmo quando parem os filhos na adolescencia. São mal vindos, mal recebidos, são acolhidos materialmente mas atirados á cara como uma condenação ao favor, como símbolo de irresponsabilidade. Revela-se de uma só vez o mal estar com a anterior omissão da intimidade na família (sexualidade, naturalmente, envolvida) e a luta pela individualidade no mundo lá fora (devia ter vindo quando "ela" já fosse adulta, o que noutros tempos idos foi o casamento).
Assim como olhamos de viés os filhos salva-casamentos. Percebemos que de qualquer lado da barricada desejamos que os filhos nasçam á farta. De qualquer lado da barricada, não queremos que nasçam á toa. Mas a resposta emocional que conheço como portuguesa é muito específica: os filhos são para se ter quando se é adulto e emocionalmente estável, que apareça ou seja feito é irrelevante. Noutras condições tratamos a mulher (eu, por exemplo, ou a sofia) como irresponsável se olharmos às condições de vida, e cobrimo-la com aquela sopa de insultos que oferecemos á sexualidade, fendendo-a (-me, -nos) com um defeito irreparável que inocenta um hipotético pai da sua falta.
excuso-me a mais comentários, se por acaso não vivermos na mesma comunidade.

4:15 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ainda não descortinaste?!...

Eis o que procuras:

«A desumana insensibilidade com que os adversários da despenalização convertem o direito à maternidade e à paternidade numa obrigação absoluta - incluindo em caso de gravidez indesejada ou, mesmo, insustentável, em termos afectivos, psicológicos, familiares, económicos, sociais, etc. - revela uma dose de intolerância e de incompreensão que só o dogmatismo e o fundamentalismo religioso ou moral podem justificar.»

7:50 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

“Ca”
Tal como o “lobo mau” defendo a vida com unhas e dentes e por isso, acho que deve ser penalizado com pena de prisão quem termina com ela. É por esta razão que me incomoda a nova posição de certos movimentos do NÃO que parecem querer votar um SIM disfarçado. Então agora querem despenalizar o aborto???!!! Mas o que é isto??? qualquer dia todos aqueles que estão na prisão por mal tratar as crianças serão também despenalizados!!! Eu acho que se deve penalizar a mulher que aborta e todos aqueles que compactuarem com o feito. Não há cá espaço para despenalização nenhuma. Sofia
http://naonimsim.blogspot.com/

8:21 da tarde  
Blogger CA said...

Sofia

Essa é a tua opinião. A minha e a de muitos que vão votar não é bastante diferente.

Mas não te iludas: no dia 11 só se vai decidir se aceitamos a liberalização total até às 10 semanas paga pelo estado ou não. Ganhando o não, fica muita coisa em aberto.

Terás oportunidade de defender a tua opinião nessa altura, embora eu esteja convencido que ela é muito minoritária.

9:40 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Sofia, quanto fundamentalismo e totalitarismo moral... Trata de os guardar zelosamente somente para ti.

Apoio, tal qual Frei Bento Domingues, a vontade plena pelo uso da consciência liberta.

E a consciência não é colectiva...

E essa mesma consciência é o bem maior, supremo, que realmente concretiza a pessoa, para lá do ser humano, da forma de vida e de outros imaginários entes sobrenaturais.

Quando alguma tipificação sócio-ideológica tenta restringir o pleno usofruto da consciência individual sobre a própria pessoa (e numa grávida, como constata o teólogo e filósofo Anselmo Borges, só existe uma pessoa: a mãe...) a interface do indefínivel totalitarismo kafkiano emerge até à concreticidade.

E a concreticidade aqui emergente é óbvia: aqueles que pretendem impôr a TODOS (e não somente a eles próprios!) um «modo de usar» da consciência.

A isso, NUNCA.

Ao referendo do dia 11 SIM.

9:54 da tarde  
Blogger Manuel said...

Caro enigma,

E continuo a não descortinar.

Fazes uma citação, sem dizer de quem é, julgando com isso impôr uma evidência. Equivocas-te.
Entre a "desumana insensibilidade" de defender a maternidade/paternidade e suas responsabilidades (dizes bem...) e a desumana insensibilidade de liberalizar os abortos a pedido sem qualquer limitação, ei fico-me, de facto, pela primeira.
Sem dogmatismos nem fundamentalismos. Apenas bom senso.

9:57 da tarde  
Blogger Manuel said...

Sofia,

Respeitando a tua opinião, não posso concordar contigo. Parece-me haver aí um excesso legalista. Concordo com os reparos feitos pelo CA.

10:01 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

anónima pelo não! said...

AMANHÃ, ÀS 21H EM FRENTE DA ASSEMBLEIA, DE LUTO E COM UMA VELA NA MÃO, PROTESTANDO EM SILÊNCIO PELO NÃO! APARECE!!!!

11:51 da tarde  
Blogger joaquim said...

Mas nos casos de abortos clandestinos que continuarão a existir, as mulheres serão julgadas ou não?
A pergunta diz que tem de ser em estabelecimento "autorizado"!
Se são julgadas, não continuam a estar em causa as razões apontadas pelo sim da humilhação, etc,etc.?
É que provavelmente por vergonha de serem reconhecidas algumas se recusarão a ir aos hospitais.
E então em que ficamos?
Ou eu estou enganado e a lei não será assim aplicada?

12:13 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Vejam...

http://www.azores.gov.pt/GaCS/Noticias/2007/Fevereiro/Presidente+do+Governo+vota+SIM+e+apela+=E0+participa=E7=E3o+no+referendo+de+domingo.htm

Isto não é crime?
http://www.verbojuridico.net/legisl/outros/referendo.html

5:13 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Quantos vendilhões da moral não teria o Cristo de desancar se descesse hoje à terra?

1:19 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

ca,
como saberás que a opinião da Sofia é minoritária? o referendo é sobre esta pergunta, e não outra. que "iluminação" é essa? ou estás a prever um segundo referendo? como poderá avançar uma despenalização se o não ganhar com os votos de pessoas como a Sofia? como defraudar esses eleitores?

5:02 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

ainda bem q a maior parte das pessoas nao pensa como voces....bem s ve que nunca se viram a braços com uma gravidez indesejada, porque simplesmente a pilula falhou, e sem emprego, sem familia e sem um homem capaz de apoiar...nunca tiveram de fazer um aborto e pensar que aquilo podia correr mal, porque nunca se sabe quem o vai fazer....bem se ve que sao umas crianças....espero que, quando tiverem a minha idade, ja sejam maios tolerantes e compreendam para la daquilo que vivem....

5:26 da tarde  

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