O dia seguinte II
Neste momento é cada vez mais séria a possibilidade do não ganhar no próximo dia 11. Há precedentes já estudados de posições que começam por ser minoritárias e acabam por ganhar referendos. E uma das razões parece ser o facto de os eleitores não gostarem que se aproveite uma sensibilidade consensual de abertura para tentar impor uma posição radical.
Por cá o presidente do PSD parece estar sensível à vontade de muitos portugueses: mesmo que o não ganhe o PSD está empenhado em descriminalizar o aborto. Em contrapartida o PS mostra muito mau perder: se o não ganhar, o PS parece mais empenhado em fazer uma birra do que alterar a lei actual, deixando uma enorme interrogação sobre a real preocupação do PS com as mulheres.
Posto isto, não tenho dúvidas que ao radicalismo obcecado do sim, que liberaliza completamente o aborto, é possível responder com a moderação de um não que evita exageros agora e permite que na Assembleia da República se descriminalize o aborto sem o tornar um acto completamente banal.
Por cá o presidente do PSD parece estar sensível à vontade de muitos portugueses: mesmo que o não ganhe o PSD está empenhado em descriminalizar o aborto. Em contrapartida o PS mostra muito mau perder: se o não ganhar, o PS parece mais empenhado em fazer uma birra do que alterar a lei actual, deixando uma enorme interrogação sobre a real preocupação do PS com as mulheres.
Posto isto, não tenho dúvidas que ao radicalismo obcecado do sim, que liberaliza completamente o aborto, é possível responder com a moderação de um não que evita exageros agora e permite que na Assembleia da República se descriminalize o aborto sem o tornar um acto completamente banal.
posted by CA @ 2:00 da manhã
6 Comments:
Diz na notícia que "linkaste": "No final da sessão de esclarecimento do PS, a dirigente socialista Maria de Belém reforçou a posição: se o "não" ganhar, a lei penal fica como está. "O PS não está disposto para essa hipocrisia. É o mesmo que não se querer a fogueira e ser a favor da Inquisição", afirmou Maria de Belém."
Que se pode chamar a isto senão terrorismo político? Apenas fazem o que muitos consideram ser correcto se lhes fizerem a vontade... De facto, é birra, e mostra que não estão minimamente importados com os portugueses, mas sim com os seus umbigos.
Se calhar tens razão. O radicalismo do PS pode vir a ter um preço elevado para a posição que defende. A ver vamos.
"Posto isto, não tenho dúvidas que ao radicalismo obcecado do sim, que liberaliza completamente o aborto, é possível responder com a moderação de um não que evita exageros"
Frase interessante.... entao liberalizar o aborto até as 10 semanas é uma posição mais radical e obcecada do que manter o aborto TOTALMENTE ilegal, e mesmo sabendo que ele existe em números assustadores, continuar com o não! Axo deveras interessante a ideia de obcecado que se tem
E outra coisa que já li em vários comentários e opiniões do NÃO. AS mulheres quando são julgadas por abortarem, chegam a ficar em prisão domiciliária, sem falar do que um julgamento trás....
Outra coisa é a banalidade com que se fala de ser penalizado. PArece que não é nada, ter na LEI que a mulher comete um CRIME quando aborta, com todas as repercursões que isso trás. Acho engraçado que banalizem tanto esta questão.... e que o NÃO também não se esforçe por haver penalização sobre o PAI.... que para todos os efeitos é tão responsável pela gravidez como o a mae.....
E mais uma pequena coisa.... não acho que seja uma "birra" por parte do PS. Se as pessoas votarem NÃO, e este efectivamente ganhar, a vontade terá que ser feita e não haverá alteração da lei.
Se ele fosse arranjar outro projecto lei, mais um referendo, mais uma votação, e tudo o que isso implica...jasus, não ha povo que aguente lol. Se a vontade é NÃO, entao nada se muda e a vida continua..... não percebo onde está a birra....
Queriam que ele agora fizesse N decretos lei,e fossem todos a referendo até um ganhar? Isso é completamente utopico e irreal....
Zeca, não é bem assim. Quando as pessoas votam "não" estão a recusar um conjunto de coisas, e não cada uma delas por si.
Por outra, há um consenso na sociedade que a lei actual não serve. Mas quem vota "não" pode achar que a lei proposta pelo PS serve ainda menos.
Tanto do lado do "sim" como do lado do "não" se defende que é excessivo haver pena de prisão. Então, mude-se isso. A única razão pela qual o PS afirma não querer alterar a lei é para assim não perder votos... Ou seja, faz terrorismo político; subjuga o que seria razoável fazer ao que eles (PS) pretendem que seja feito.
Claro que os partidos da direita só propõem agora isto porque estamos a discutir o assunto, e vai haver referendo. Há terrorismo dos dois lados (veja-se os "ameaços" de excomunhão). Mas que esta posição, por parte do PS, mostra um absoluto desprezo pela pessoa humana e um colocar os interesses do partido acima de tudo.
Zeca
O aborto em Portugal não é totalmente ilegal. A lei já dá um amplo conjunto de circunstâncias em que é perfeitamente legal.
Falas de prisão mas o que o PSD propõe é a descriminalização o que elimina imediatamente a hipótese de prisão.
O não no dia 11 é um não à pergunta feita, nas circunstâncias que é feita. Não perceber isso e pensar que a despenalização só pode ser feita da maneira que o PS quer ou então o PS deixa tudo na mesma é uma birra infantil do PS e não uma posição política responsável de quem está empenhado em que nenhuma mulher possa ser presa.
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