Razöes do Näo

No próximo referendo sobre o aborto votaremos Näo. Aqui se tenta explicar porquê.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Funerais

Na sequência deste post... diz o Paulo,sj aqui:

"A propósito dos funerais, na situação do estatuto do embrião, devo dizer que a Igreja realiza as exéquias ao feto com morte intra-uterina, a pedido dos pais. "

O resto do comentário também merece ser lido. Cito um pouco:

A questão do aborto, além de estar a camuflar outros problemas sérios na sociedade (curiosamente até podem ser a causa para que haja a decisão de abortar), tem provocado uma onda de discussões, muitas vezes de surdos. Não é pelo facto de votar Não que vou deixar de escutar quem votará Sim. Agora, não acho correcto o facto da questão se estar a tornar partidária levando a que não se aborde outras questões sérias para a união da sociedade.

Em vez de se olhar para o aborto, olhe-se para as causas que levam ao aborto. Essas é que tem de ser investigadas e resolvidas. E não é com o aborto, pois é o caminho mais fácil. Acredito que não se tome a decisão de abortar de ânimo leve, mas porque é que se toma essa decisão?

Este comentário, que parte do pressuposto de que o aborto em si é um mal, parece reflectir o pensamento de que a resolução das causas que levam ao aborto esvaziariam esta discussão. Neste contexto, votar sim seria interpretado como dizer "eu até podia resolver os problemas que te levam a querer abortar, mas prefiro permitir que abortes para não ter de me incomodar".

Sobra uma questão que não foi muito perguntada ainda: a sociedade consegue resolver evitar/resolver as causas que levam as mulheres a abortar e que não estão ainda previstas na lei? Se sim, não é um imperativo moral resolvê-las?

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não é por nada, mas o blog está sempre uma hora adiantado...ainda são 16h.22m, mas pronto; não é que isso seja uma tragédia,...

Quanto às exéquias ao feto com morte intra-uterina, desconhecia. Mas isso revela que para os pais, ele não é uma coisa, ele já é alguem que muito significa para eles. E antes dele morrer sentiram a sua, do feto, vida em desenvolvimento, porque isso sente-se mesmo

5:29 da tarde  
Blogger Ka said...

Caro /me,

Acredito que seria possível resolver grande partes das causas que levam as mulheres a abortar.
Concordo contigo que é um imperativo moral resolvê-las mas, acho que a nosssa sociedade tem de mofificar a sua forma de estar.

Temos de começar a pensar "em sociedade" e não "em singular" ,só no nosso "eu".
A maior parte das pessoas não age, tendo como fim o bem comum, mas sim o proveito próprio. E esta forma de pensar tem de ser radicalmente modificada!
Temos de ter capacidade de associativismo para fazermos coisas positivas, por nós e pelos outros, mas acima de tudo pela NOSSA sociedade!

Está provado que conjuntos de pessoas com este tipo de pensamento conseguem efectivamente marcar a diferença. senão vejamos o caso das associações de apoio á vida, muitas iniciadas por uma pessoa, que foi angariando outras até formar uma estrutura base. E essa estrutura base,por mais pequena que seja faz sempre a diferença na vida de alguém. Basta perguntarmos por exemplo ás mães adolescentes apoiadas por estas estruturas, se estão arrependidas de ter tido o filho. A maior parte não só diz que não, como muitas vezes também diz que conseguiu encontrar um sentido de vida.

Agora imaginemos que não eram apenas conjuntos de pessoas mas sim a sociedade... Seria fantástico não seria?

Penso sinceramente que é nisto que temos de apostar!

6:13 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

uma mulher que aborte deve ser presa?

SIM ou NÃO?

Por favor não me respondam que até agora nenhuma mulher foi presa, etc etc etc.

Então vamos aprovar uma lei para não ser cumprida?

É esse o objectivo?


(Sabendo que este ponto não está em discussão directa neste debate) O que vos leva a defender o aborto em casos de violação?

Não é à mesma uma vida humana?

Se calhar já estão a admitir que há algo que se sobrepõe a essa vida humana: a vida humana da mãe!

Então se nesses casos se sobrepõe, porque não se sobrepoe noutros?

Quando uma mulher não tem NENHUMA capacidade para criar um filho... é moral dizer-lhe que não pode abortar?


Respondem-me sempre que têem de ser criadas instituições de apoio. Mas e enquanto não são criadas?

E se o Sim ganhar não devem ser criadas à mesma?

Se o sim ganhar e houver instituições de apoio às mulheres aí estou segura que o aborto de facto decrescerá.

É moral dizer a uma rapariga que engravide com 10 anos que não pode abortar?

Gostava que me respondessem a estas questões, sem agressividade e numa discussão pensada.

Obrigada

7:31 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Para que querem uma lei que permita o aborto aumentando o tempo de gestação? Porque têm em vista a liberalização?

A lei que querem aprovar vai continuar a incitar à prática de aborto e, como dessa forma vêem "o problema resolvido", cada vez se hão-de empenhar menos em criar melhores condições para a criança nascer, apesar de haver sempre quem se empenhe nisso, mas como não são muitos estão como que a remar contra a maré.
E na actual lei ninguém proibe uma rapariga que engravida com 10 anos, abortar; ela pode, isso está previsto na lei, desde que não seja ultrapasado o limite estipulado. Ningém está a dizer que vai anular a lei que já existe.
Mas de qualquer forma podem muito bem e têm que ser avaliadas com rigor as condições que levaram essa miúda a engravidar. Ou seja pode muito bem ser prevenido que isso chegue sequer a acontecer. Ou vamos deixar que os casos de negligência, maus tratos, má orientação dos adolescentes,disfunção familiar,desemprego .... continuem sabendo muito bem que existem. Não terá que ser feita uma adequada avaliação das famílias de risco, após um prévio levantamento da existência dessas famílias? Este é um trabalho em que as comissões de protecção aos jovens e crianças em risco muito se se empenham, profissionais de saúde, assitentes sociais apesar de muitas vezes não haver visibilidade do real trabalho que está a ser feito e porque muitas vezes não fazem mais porque falta o empenho articulado de todos, principalmente do estado e da sociedade em geral.
Perante isto, claro que o aborto é a solução mais fácil para quem não se quer preocupar em resolver o real problema.

8:22 da tarde  
Blogger /me said...

Sim,

bem vinda ao blog.

A minha opinião já a exprimi aqui: http://razoesdonao.blogspot.com/2006/11/menha-opinio.html .
Mas vou na mesma tentar responder, sendo que a minha opinião vale o que vale.

1- Uma mulher que aborte deve ser presa?

- sim, se não verificar as condições que estão previstas na lei actual. Quanto muito, acho que se pode discutir em que condições que não estejam previstas na lei é que uma mulher deve poder abortar. Por exemplo, acho natural que se queira clarificar o que se deve querer dizer quando a lei (http://razoesdonao.blogspot.com/2006/11/lei-do-aborto.html) afirma que "Não é punível o aborto [...] quando [...] Se mostre indicado para evitar perigo de morte ou de grave e duradoura lesão para o corpo ou para a saúde [...] psíquica da mulher grávida". Quanto a mim, penso que isto já pode incluir o caso de uma rapariga de 12 anos que engravide.

Não me ocorre nenhum motivo não previsto na lei pelo qual uma mulher deva poder abortar. Se é uma questão económica, o Estado tem é que apoiar. E se está disposto a financiar o aborto, também deverá estar disposto a financiar quem precise...

Não quero com isto dizer que não se possa discutir se a lei deve incluir ou não mais casos para ser lícito legalmente abortar. Mas a liberalização pura e simples, sou contra.

2- "Então vamos aprovar uma lei para não ser cumprida?"

Se o "sim" ganhar, a lei vai continuar a não ser cumprida. Vai continuar a haver abortos ilegais.

3- "O que vos leva a defender o aborto em casos de violação?"

Eu não sei se defendo o aborto nesse caso. Sei que não defendo que o aborto possa ser feito em qualquer caso. Defendo que haja um conjunto de casos, previstos numa lei, em que se possa abortar. A meu ver, faz sentido discutir-se em que casos é que se deve poder abortar.

4- "Quando uma mulher não tem NENHUMA capacidade para criar um filho... é moral dizer-lhe que não pode abortar?"

Por nenhuma capacidade, referes-te a capacidade financeira ou outra? Se for capacidade financeira, o Estado e até a sociedade em geral tem o dever de apoiar.

Se te referes a capacidades mentais ou psicológicas, a mulher pode dar o filho para a adopção.

Se ter o filho a vai prejudicar, possivelmente isso está já previsto na lei (ver o ponto 1).

5- "Respondem-me sempre que têem de ser criadas instituições de apoio. Mas e enquanto não são criadas?"

Não sei. Mas o governo teria capacidade para as criar daqui até ao referendo, ou não? Por outro lado, se o sim ganhar, não acredito que as instituições de apoio sejam criadas. Pelo que as mulheres abrangidas por esta questão que quisessem de facto ter os filhos e não possam por falta de apoios serão encaminhadas para um aborto. Assistido, é certo. Mas por falta de opções.

6- "E se o Sim ganhar não devem ser criadas à mesma?"

Sim! Não acredito que sejam tão cedo, mas sim, claro que devem.

7- "É moral dizer a uma rapariga que engravide com 10 anos que não pode abortar?"

Respondi no ponto 1.

9:27 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Concluindo e resumindo entre tantas perspectivas e argumentos que aqui têm vindo a ser apresntados e que são muito válidos (alguns, mas quase todos)e que me parece ainda não se terem esgotado, o que temos de mais coerente, realista, verdadeiro e sem falsas intenções, para construir uma decisão responsável e ponderada?
Para já, há que dar relevância ao risco de ser permitido o aborto livre sem limites e por todo e qualquer motivo.
Outro aspecto é o facto de realmente estar uma vida humana em desenvolvimento - mas muitos ainda afirmam que o seu valor vai aumentando com o tempo de gestação, e que no início da concepção ela práticamente não vale nada alegando que é só um conjunto de células - apesar disto não ser muito relevante para este referendo, pois no tempo de gestação a que ele refere temos indiscutivelmente uma criança; mas na linha de pensamento anteriormente referida, a vida desta criança também não tem valor comparada com a de um adulto e assim acham crime matar um adulto mas não matar aquela criança e por isso não consideram necessária uma lei que a proteja . => olha quésta!
No fundo é isto que defendem.
A continuar assim, em que fase da gestação acham o aborto condenável?

Se defendermos o não esta é uma parte da questão, apesar de ser o argumento mais decisivo - o valor da vida humana, que já existe neste feto e que é digna de ser protegida.
Todos nós e em particular o estado e a sociedade em geral têm um fundamental papel a desempenhar a vários níveis. Ou acham que era só despenalizar e estava tudo resolvido? Se o sim ganhar, o futuro vai ser remediar e abortar e fica tudo na mesma.
Se o não ganhar a penalização não vai permitir a liberalização do aborto e as pessoas têm que optar por comportamentos e atitudes mais conscientes. Assim como o governo se ia envolver em criar todas as condições e mais algumas para a prática de aborto se o sim ganhásse, também teria que criar todas as condições e mais algumas para que as crianças nascessem, se o não ganhásse. O problema é que o governo está pelo sim porque para eles é a resolução mais fácil. Mas isso não pode ser pretexto para que fique tudo na mesma. Têm que haver acções concretas que não sejam, liberalizar a morte de vidas humanas.

3:27 da manhã  

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