Irra
Desculpem que me irrite, mas quem consegue resumir a sua posição quanto ao aborto num monossilábico "sim" ou "não" e não consegue compreender as razões do outro lado, só pode ser um idiota. Ia acrescentar "ou então nunca pensou bem no assunto", mas se mesmo assim tem tantas certezas, confirma-se: só pode ser um idiota.
Mas pois claro, temos um referendo à porta que, perdoem-me, foi escrito por e para idiotas, que nos põe a discutir esquecendo tantas vezes o que é essencial. E nós caímos na armadilha de achar que é tudo tão simples, vestindo as camisolas de um dos lados da barricada e munindo-nos de superioridades morais.
Este blog é uma excelente oportunidade para levantarmos os olhos do chão e discutir para além da estupidez do "sim" e do "não". O que não nos impede de encontrar a resposta ao referendo que mais está de acordo com o que pensamos, aquela que é mais lógica. Mas são duas coisas diferentes; o que se tenciona responder ao referendo, e o que se pensa em relação ao aborto. Misturar as duas questões tende a ser catastrófico.
Mas pois claro, temos um referendo à porta que, perdoem-me, foi escrito por e para idiotas, que nos põe a discutir esquecendo tantas vezes o que é essencial. E nós caímos na armadilha de achar que é tudo tão simples, vestindo as camisolas de um dos lados da barricada e munindo-nos de superioridades morais.
Este blog é uma excelente oportunidade para levantarmos os olhos do chão e discutir para além da estupidez do "sim" e do "não". O que não nos impede de encontrar a resposta ao referendo que mais está de acordo com o que pensamos, aquela que é mais lógica. Mas são duas coisas diferentes; o que se tenciona responder ao referendo, e o que se pensa em relação ao aborto. Misturar as duas questões tende a ser catastrófico.
8 Comments:
/me,
Boa intervençäo, como sempre.
Há dois aspectos deste debate que me deixam sempre incomodado:
O primeiro é o que tu referes: a impossibilidade de ter um debate sério e profundo quando o que nos é pedido é que afunilemos tudo numa resposta de sim ou näo a uma pergunta estúpida.
O segundo é a carga emocional com que se intervém. Isto vê-se quando alguém aqui coloca um texto abordando o tema por outra perspectiva: os comentadores, na sua maioria, ignoram o tema do post e "despejam" as "verdades" de sempre.
eu não consigo responder ao referendo sem pensar na opinião que tenho sobre o aborto, sem pensar que é um crime matar o bebé e que ainda por cima a mulher sujeita-se a ir presa porque muitas vezes não tem outra opção. mas para além disso temos que ver o lado dos que querem fazer lucro com a despenalização porque quem sabe não irão esses manipular até algumas mães e aconselhar o aborto.
ninguém sabe o que pode acontecer, mas é de prever
Completamente de acordo!
Engraçado encontrar-te aqui!
A mim, Miguel?
Também eu gosto de te rever. :)
Ainda há pouco passei pelo teu blog. ;)
Sim a ti...perdemos-te o rasto.
É bom voltar a ver-te e embora irritado hoje -"irra"-, na defesa de valores.
Gosto muito que o tema do teu post seja o facilitismo redundante a que tantas vezes se reduzem temas tão delicados como o aborto. Sempre achei curioso que é precisamente nos temas mais complexos que a generalidade da população se manifesta mais veementemente e com respostas mais taxativas, como se o preto e o branco, o sim e o não, o correcto e o errado, fossem as únicas perspectivas possíveis nestes casos.
Pessoalmente, sinto-me dividido no que respeito à questão do aborto. Assumiu-se socialmente que o correcto e o "moderno" é estar de acordo com a sua despenalização, que o "não" é retrógrada, conservador e de mentes estreitas. Mas será realmente assim? Penso que vivemos demasiado embrenhados numa convicção falsa de que somos o estado final e aperfeiçoado de séculos de evolução, como se a nossa viagem evolutiva terminasse, pacífica e satisfatoriamente, em nós. Esquecemo-nos que em todas as épocas se viveu esta convicção e que o futuro virá concerteza contradizer muito do que agora damos por certo e adquirido.
Neste caso, como já disse, sinto-me dividido. Por um lado tenho a questão ética; por outro, a constatação de uma realidade social que é como é... Não disponho de verdades absolutas nem acredito nelas.
Seja como for, suponho que um referendo não pode contemplar considerações tão amplas. Tem de tomar-se uma medida, que irá obrigatoriamente num sentido ou noutro. Um "sim" ou um "não", infelizmente, é a resposta que se necessita.
A mim, os referendos recordam-me sempre aquela cena bíblica que seguramente conheces melhor do que eu, quando Pilatos lava as mãos diante da multidão enfurecida. É uma ferramenta muito conveniente quando falta coragem ao governo para tomar as decisões que deveria tomar. Assim é fácil sair-se impune...
Ó Enoch, nem imaginas as saudades que já tinha de ler um comentário teu! :D
O que é catastrófico é só se falar em aborto e não em abortados, porque se se falar nas vítimas de aborto a questão já é clara.
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