Ecografia – uma experiência pessoal
A emoção foi grande. Na imagem pouco nítida, a preto e branco, estava a minha filha. Via-a pela primeira vez às doze semanas de gestação. O que até ali tinha sido uma boa notícia, uma esperança, tornava-se, pela visão de um corpo de poucos centímetros, numa pessoa. Na minha filha.
Lembro-me de uma espécie de espanto por perceber que as minhas convicções se transformavam em carne e osso. No ano anterior votara Não no referendo sobre o aborto. Estava certo que essa era, em consciência, a posição correcta. Mas agora, mais do que uma construção racional, uma doutrina filosófica ou religiosa, a convicção ganhava vida. Aquele feto, ainda longe da beleza de um bebé, era muito mais que um projecto, uma vida em potencial ou um aglomerado de tecidos humanos. Era a minha filha.
31 Comments:
A questão é essa: não se trata de úma ideologia defendida pelo partido A ou B. Trata-se da Vida.
É assim tão difícil de compreender?
Uma das coisas que muitos defensores do sim tentam demonstrar, para defender os seus pontos de vista, é que o Ser que se desenvolve no útero das mulheres grávidas, até às 10 semanas, não é uma vida, não é um ser humano enfim, não é nada.
Recorrem para isso a diversos estudos “científicos” que o demonstram, esquecendo igual número de estudos similares que demonstram o contrário.
Utilizam palavras como, feto, embrião, zigoto, etc, (palavras que existem, obviamente e que representam algo), mas que são utilizadas para afirmar que aquele Ser não é nada. o que significa que não sendo nada, não há qualquer problema em ser deitado fora, perdoe-se-me a expressão dura.
Mas a verdade é que se assim fosse, se realmente isso fosse uma verdade, então porque é que havíamos de estar a discutir uma lei, uma despenalização, uma descriminilização, ou seja lá o que for, acerca deste assunto.
Quando uma pessoa descobre um tumor, um gânglio, um quisto, enfim algo que está a mais no seu corpo, que não é natural, que não serve para nada e até pode fazer perigar a sua saúde, vai ao médico, ouve o que ele tem a dizer, marca a operação e retira do seu corpo aquilo que estava a mais e não servia para nada, como atrás ficou escrito.
Não passa pela cabeça do “mais pintado” ir legislar, ou o Estado ter de autorizar, a pessoa a fazer essa operação, ou seja retirar do seu corpo algo que não presta para nada.
Nem nenhum médico se opõe ou tem dúvidas de consciência em fazê-lo.
Mais, depois de uma operação desse tipo, (cuja decisão de uma maneira geral não apresenta dificuldades para o operado, sobretudo de consciência), a pessoa depois de recuperada, fica aliviada, fica feliz e contente, por ter resolvido aquele problema, e nunca mais pensa no tumor, no quisto ou no gânglio que tirou do seu corpo.
Pois, mas a realidade é que em relação ao aborto não é isso que se passa.
A decisão é dolorosa, na maior parte dos casos, ou pelo menos naquelas que têm consciência, (não sou eu que o digo, são centenas de testemunhos utilizados pelo sim), os médicos na sua maioria esmagadora, (felizmente), não querem praticar o aborto por razões de consciência, e o “pós-operatório” leva muitas vezes à depressão, à tristeza, e ao recordar doloroso daquilo que aconteceu, (repito que não sou eu que o digo, mas centenas de testemunhos usados pelo sim).
Não serão estes sinais profundamente humanos uma demonstração que o Ser que se desenvolve no útero materno é uma vida em tudo igual a nós e que por isso mesmo nos é impossível “olhar” o aborto como uma qualquer operação para extirpar um mal.
Já sei que “isto não são argumentos que se apresentem”, porque não são “científicos”, mas a verdade é que a ciência não existe sem o homem, e mesmo sem ciência o homem existe.
Talvez porque nos envolvemos demais em discussões “académicas” e “intelectuais”, não consigamos ver o problema na sua simplicidade:
no aborto estamos a matar um ser humano.
"é assim tão difícil de compreender"
Por acaso é. A vida é mesmo muito difícil de compreender.
saber-se grávida de um filho desejado, dentro de uma relação estável é bom, é maravilhoso, é indiscrítivel. Mas nem todas as vezes que um óvulo e um espermatozóide se encontram, é dentro desta realidade. Não nos podemos esquecer disto, pois não?
Maria João, é precisamente porque se trata da vida que há gente que defende a despenalização do aborto, da mesma forma que muita gente defende a despenalização da eutanásia que, embora não venha ao caso, são duas realidades coincidentes.
Explique-me: qual é, para si, o conceito de "vida"? Uma criança feliz e contente a brincar no jardim, está viva? E se é assim, porque está viva? Porque as suas funções motrizes, a sua "machina in corpore", funcionam correctamente? Porque começa a estabelecer eficazmente relações emocionais com quem a envolve? Porque já tem o seu lugar no mundo e a sua curta história pessoal? E um moribundo, a quem tenha sido declarada morte cerebral mas cujo corpo ainda não tenha deixado de funcionar totalmente? Que diria desta pessoa; que está viva?, que está morta? Onde se estabelecem os limites? Deixamos esta decisão para deus, como tendemos, enquanto género humano, a fazer com tudo o que nos ultrapassa? Então e uma célula? As células são as formas de vida mas básicas que conhecemos. Então... uma célula está viva? Viva como a criancinha amorosa que brinca feliz no jardim??? Acha honestamente que é legítimo aplicar este conceito a realidades tão extremas e díspares como as que lhe acabo de retratar?
Pessoalmente, acredito que é mais valiosa a vida de uma mulher grávida que uma célula, sobretudo quando está em causa a sua saúde física, emocional, etc. Porque a vida, num sentido não estrictamente mecânico mas muito mais âmplo, é o que importa.
Além disso, se se optar por não despenalizar o aborto não se impedirá a sua prática. Parece que não nos damos conta disso! Sempre se fez, faz-se, e continuará a fazer-se. Trata-se de pegar objectivamente num tema sensível, olhá-lo nos olhos e dar-lhe uma solução de acordo com a sua realidade.
Sobretudo, não permita que a religião interfira com assuntos legais, que não sei se é o seu caso. A religião tende a turvar mais a vista do que a iluminá-la...
Oh joaquim, anda a copiar posts?
Eu já li esse mesmo comentário no blogue do não.
Isto do CTRL+C, CTRL+V, não tá com nada.
Oh anónimo, tão atento, não repara que é a mesma pessoa?
abraço
Ou seja - só começamos a ser pessoas quando somos amados, queridos e desejados...;))
Depois de uns dias de ausência, mas a acompanhar estas andanças, hoje passo por cá para deixar mais um comentário.
Sei que se torna exagerado da minha parte reforçar que a questão é complexa, mas ainda assim volto dizê-lo: A questão é complexa!
Foi publicado um artigo, (se alguém o quiser ler envie-me um mail que terei gosto em reenviar), a demonstrar que na primeira divisão celular, logo após a fecundação, já existe uma diferenciação em cada uma das células. No entanto, não quero seguir pelo caminho biológico, porque se assim for a designação do termo vida, para a questão da despenalização, pouco ou nada significa. Devo, então, seguir por um caminho mais filosófico, através da ética.
(Já agora, não sigo pelo caminho biológico, porque, de facto, na questão da “vida” não há qualquer diferença entre o organismo monocelular e o pluricelular. Ambos têm uma sequência biológica que lhes confere vida, composta por moléculas, átomos, electrões, etc etc..., que se relacionam, química e fisicamente entre si).
Leio o comentário da Maria João e fico a pensar se será tão simples assim. Se a entendermos pelo lado básico (de base e não no sentido perjurativo), sem termos em conta o que a mc e o David (Enoch) apontam, de facto é simples. É um sim ou um não à vida. Agora temos de ver que este referendo vai abranger a componente social, individual, politica e económica da sociedade, que altera toda uma estrutura de pensamento sobre abortar ou não abortar como solução para muitos problemas. Como já tive oportunidade de afirmar, para mim votar não é um mal menor dentro de um votar sim, que é um mal maior.
Há questões de fundo que entram no conceito de pessoa (que é um valor em si mesmo) digna de respeito, seja ela em que situação esteja. A pessoa (ou cada um de nós) é pessoa desde o momento da concepção (aconteça de forma agradável ou desagradável). Se foi de forma agradável, como a mc aponta, é fácil darmos seguimento à vida que se está a gerar… Agora se for de forma desagradável (como é o caso da violação, p.ex) já é mais complicado sob o ponto de vista psicológico (e não só) da mulher. Mas o que é que aconteceu aqui? Primeiramente uma falta de respeito pela mulher, depois uma irresponsabilidade diante da consequência do acto por parte do “violador”. Ora, não podemos esquecer que esta situação está contemplada na actual lei. No entanto, quer queiramos quer não, o novo ser gerado é pessoa. Não é uma coisa. Não é um objecto!
Se a mulher decidir levar por diante uma gravidez deve ter todo o apoio que necessitar. É de recordar que, muitas vezes, quando pensamos no caso da violação, estamos a pensar na violação por parte de um estranho. Mas quantos casos não acontecem por violência doméstica? Afinal, o problema é outro, que se resolve não com as devidas soluções, mas infelizmente, com o aborto. Também é de dizer que a mulher que aborta não deve ser condenada, nem julgada, pela sociedade, como se fosse uma assassina. Moralmente falando, a pessoa não pode ser condenada, o último juízo moral é a sua consciência! Não podemos esquecer que na constituição, formação e educação da pessoa entram vários factores, que condicionam o seu agir, pelo lado mais ou menos positivo.
De facto se não se despenalizar o aborto não se impedirá a sua prática – como afirma o David (Enoch) – mas a despenalização, como está a ser proposta, é uma pequena abertura para casos ainda mais dramáticos, com a capa de tudo bem feito em condições devidamente legalizadas. Mais, a despenalização não resolverá os problemas de fundo do respeito pelos direitos humanos.
A pessoa humana tem de ter respeito pela sua vida e pela dos outros. O argumento de que o corpo é da mulher, não deve de ser utilizado para o sim ao aborto. Primeiro, porque o corpo da mulher é um, o do zigoto, embrião, feto é outro. Segundo, porque nós, mais uma vez o afirmo, não somos “coisas”. Entre o ser gerador e o novo ser, estabelece-se uma relação, primeiramente biológica, mas depois afectiva. Nós, somos seres sociais, portanto de relação, e cada um deveria ter respeito pela dignidade do outro.
Desculpem se o comentário possa parecer demasiado demagógico e até mesmo pseudo-filosófico, mas estou a evitar ao máximo entrar pelo lado emotivo da questão. Se formos por aí, não vamos a lado nenhum… (Posso dizer que me toca de fundo… Tenho lido coisas de arrepiar, seja numa posição, seja noutra).
P.S. - David, concordo contigo em que neste momento a religião não possa entrar no campo desta discussão, mas já não concordo quando afirmas que “turva a vista”… É verdade que são pregadas algumas barbaridades. O sentido mais profundo de religião limpa, e bastante, a vista…
Concordo obviamente que Deus não pode nem deve entrar ao barulho. Até porque o aborto mais do que uma questão religiosa, trata-se uma questão ética e humana. Ora, se eu fundamentar a minha posição unicamente em Deus, posso com facilidade, ser acusado de impor a um descrente um valor unicamente cristão. Que não é de facto. E para isso bastaria consultar os direitos universais do ser humano: primeiro que tudo, o direito à vida. Portanto, o argumento de que Portugal é um estado laico e que a Igreja não se deve intrometer em questões políticas, não faz qualquer sentido. Até porque falamos questões que humanizam ou desumanizam a pessoa: a sexualidade responsável, o respeito e o apreço pela dignidade humana, a coisificação do homem/mulher, etc.
Repito, mais do que uma questão religiosa, trata-se de uma questão ética e de valores. Talvez aqui tenhamos um novo problema, mas parece-me facilmente ultrapassável: a subjectividade dos valores. É necessário estabelecer uma ponte entres estes dois paradigmas, caso contrário continuaremos num debate de surdos.
Outra coisa que me parece bastante discutível no referendo é o sujeito da questão (a pessoa em causa). Na questão aprovada pelo Tribunal Constitucional, não há sombra de dúvidas, que é a mulher. Tomar a mulher como sujeito de decisão é à partida tomar como prioritário os direitos da mulher sobre os direitos do feto. Ora, pergunto eu, se imaginarmos o feto como sujeito, que resposta dariam os portugueses? Por exemplo: Em geral, pensa que a vida do bebé não nascido deveria ser protegida?
Depois outra expressão que me causa profundo arrepio é o critério de determinação do “ser pessoa”. Uns dirão que só aquando do nascimento, outros que só a partir de x semanas. Ora, um feto de uma semana e um dia deve ser protegido porquê? Em vinte e quatro horas foi-lhe insuflada a personalidade jurídica? Mas de facto o desenvolvimento humano não pode ser matematizavel como se num dado momento, o ser humano passasse ao estatuto de ser pessoa. É um desenvolvimento gradual, mas contínuo.
Enfim, não me estendo mais – até porque no meu blog escrevo um post sobre o ser humano e o ser pessoa. Quando tiver mais tempo e maior oportunidade voltarei. Um abraço.
Infelizmente, a questão complexa resume-se a duas possiveis respostas: Sim ou Não :)
Era importante fazer perceber que, defender o não, não é estar contra ninguém: nem contra as mulheres, nem contra as mães. É sim, estar a favor da vida, sobretudo da vida que é inocente.
É evidente que a mulher é dona do seu corpo e ninguém tem o direito de a obrigar a fazer com ele o que não quer
MAS QUANDO TEM UMA VIDA DENTRO DE SI ... a responsabilidade "pesa" e não pode decidir abortar com base no facto de que é dona do seu corpo e que faz com ele o que quiser - e muita gente decide com base neste argumento como se fazer um aborto fosse uma coisa banal.
Quando vi as ecografias dos meus sobrinhos gémeos (acompanhei a minha irmã nas ecografias todas) foi uma emoção inexplicável da primeira à última ecografia, foi o máximo
É importante realçar que não foi a ecografia que tornou a minha filha uma pessoa. Ela já era uma pessoa. A ecografia permitiu apenas antecipar o contacto visual que, sem a tecnologia, só aconteceria no nascimento. Para completar a emoção do encontro pai/filha ficou a faltar o contacto físico - esse ainda fora do alcance da tecnologia...
Da mesma forma, não foi o meu amor que tornou a minha filha uma pessoa. Só quem é amado, ou preenche outros requisitos que achamos relevantes, tem direito a viver?
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"Tomar a mulher como sujeito de decisão é à partida tomar como prioritário os direitos da mulher sobre os direitos do feto. "
Não é isso precisamente o que acontece no caso de uma violação?
Achas que tal não deve ser admissível?
Nunca?
David:
Não não era ainda Pessoa...
Passou a ser pessoa ( ser de relação) precisamente no momento em que foi amada...
Não que em si mesma já fosse uma Pessoa - era ainda um projecto biológico da pessoa que veio a ser.
Mas como foi amada, querida, investida como ser de relação, tornou-se pessoa ainda não o sendo...
A pessoa é antes de mais construção amorosa dos outros -
e só depois realidade concreta e possibilidade biológica.
Zé
EScreveste que : "Agora se for ( engravidar) de forma desagradável (como é o caso da violação, p.ex) "
Caro Zé dizer que a violação é uma forma desagradável...de engravidar.. usar um eufemismo que...em si mesmo é violentíssimo...
E concordo contigo que há muitas formas de "violação" e muitas formas de brutalidade sem ser a física e muitas formas de sexo não totalmente consentido..
Mas afinal aceitas que uma mulher violada possoa recusar uma gravidez, não é verdade?
E nesse caso a única justificação é ... a vontade da mulher de não suportar uma gravidez que lhe é imposta contra sua vontade...
É o controle sobre o seu corpo e a sua capacidade reprodutiva.Exclusivamente. Nõ há mais nenhuma justificação ou ponderação de Direitos ou valores.
Escreveste que , se a mulher nessas circunstãncias quiser prosseguir a gravidez deve ser apoiada.
Totalmente de acordo.
Mas.. e no caso inverso?
Prevalece a vontade e a opção da mulher ou devemos impõr-lhe a violação de nove meses de gravidez e um parto abusivo, como se fosse um animal?
Mas.. e se ela não quiser?
Responde, por favor, com honestidade e clareza.
E quanto á "diferenciação" de uma célula do zigoto acho estranhíssimo o teu comentário "científico" .
Diferenciada quer dizer o quê?
Nota - anda por aí uma "moda" de marketing " emocional á volta das ecografias... Eu tenho dezenas e dezenas de ecografias guardadas para a posteridade ( algumas em filme) e sinceramente as que fiz antes das 12-14 semanas não dão nenhuma imagem humanizada, nada de mãozinhas, pés ou mesmo "dentes definitivos", como já li em certa propaganda...
A partir das 12- 14 semanas, sim é possivel distinguir claramente pormenores antropomórficos, mas ás seis, sete oito semanas, completamente inútil...
Nota - As ecografias a que me refiro são das minhas várias gravidezes, como é óbvio.
David,
Concordo, naturalmente...
Bluesmile,
Escreveste:
Passou a ser pessoa ( ser de relação) precisamente no momento em que foi amada...
Não que em si mesma já fosse uma Pessoa - era ainda um projecto biológico da pessoa que veio a ser.
Mas como foi amada, querida, investida como ser de relação, tornou-se pessoa ainda não o sendo...
A pessoa é antes de mais construção amorosa dos outros -
e só depois realidade concreta e possibilidade biológica."
Tens noçäo do que estás a dizer?
Pensas mesmo isto?
Estás consciente das consequências que esta concepçäo pode ter?
Manuel:
Claramente.
Só o investimento emocional explica que um ser sem critérios biológicos para ser pessoa o possa ser, porque alvo de um investimento relacional humano.
Claro que essa possibilidade relacional não é único critério de ser pessoa - quanto a mim o critério é antes de mais o biológico.
Olá, David (enoch)!
Antes de mais, a religião só turva a visão de quem não tem grandes conhecimentos ou de quem é fundamentalista. Defendo o Não ao aborto agora que sou cristã católica, mas também o defendia antes de ter uma religião. Portanto, neste caso, a religião não foi decisiva para a minha opção.
Para mim há vida a partir do momento da fecundação. São células, mas contêm todas as informações necessárias para o desenvolvimento da criança. Se vamos entrar pela questão se é quando anda, brinca fala, etc... então quando nasce... Aí ainda não fala, não é minimamente autónoma.
Quando se trata de um caso em que a saúde da mulher está em causa, isso está previsto na lei.
O aborto clandestino continuará. Obviamente. Se ganhar o não e se ganhar o sim. Em Portugal estamos a passar por uma situação financeira bastante complicada. AS pessoas vão pagar taxas para estarem internadas, as listas de espera são enormes, fala-se de falta de condições em muitos hospitais, enfim... Um rol de problemas. Então, perante esta realidade, que clínicas legalizadas são essas de que o Governo fala? Perante esta situação de crise, parece-me que essas clínicas são privadas. Então e os pobres?
Além disso, as mulheres que optam pelo aborto, na sua maioria, não têm os filhos por não terem condições e depois de fazerem o aborto sentem-se culpadas para o resto da vida. Não por o aborto ser ilegal, mas porque não deixaram o seu filho nascer. São palavras de mulheres que praticaram o aborto, não são minhas.
Como costumo dizer, o melhor é apostar-se em melhores políticas de planeamento familiar e de adopção. E, claro, mudar a lei para que se criminalize os responsáveis pelos locais onde se pratica aborto clandestino e não as mulheres.
Quanto à eutanásia, essa questão do cérebro estar morto... Nesses casos desliga-se a máquina. A pessoa já está morta. A morte é cerebral. Aliás, a própria Igreja defende isso nesses casos.
Um abraço,
Maria João
Bluesmile, vou responder em nome do "Zé" porque suponho que seja eu o "Zé"... :p
Só o conseguirei fazer mais tarde, porque terei mais disponibilidade para dar uma resposta sincera como pedes.
Obrigado!!
Mas até neste blogue a Bluesmile vêm dar o ar da sua graça?
Eu tenho lido com atenção os teus comentários e também o teu blogue e já não é a primeira vez que te apanho a contradizer os teus próprios argumentos.
Ai Jesus, que vai uma grande confusão nessa tua cabeçinha!!! A única coerência que encontro no teu discursos e ser do sim, por ser!!
Sige o meu concelho por favor, rele todos os teus comentários para não voltares a cair na mesma confusão...
Amigo black:
Acredita que relativamente a este tema, o meu pensamento está cada vez mais límpido...E quanto mais leio e escuto, mais me defino...
Em compensação, o amontoado de erros ortográficos do teu post parece corresponder a uma imensa confusão de conceitos ou a uma precipitação no discurso que revela falta de serenidade!
Continua a ler o meu blogue!!
Paulo:
Obrigada.
Com serenidade...
Terrorismo –(s.m.) modo de impor a vontade por meio da violência… Traição… Acto egoísta de quem pensa ter todo o poder e toda a razão… Acto de profundo desprezo pela vida humana!
11 de Setembro
11 de Março
11 de Fevereiro…
Na minha opinião, a "provocação" - no bom sentido - do David deu bons frutos: esta caixa de comentários está "recheada" de opiniões e discussões interessantes. Mas convém manter e continuar a discussão ao nível das ideias, e não das pessoas.
/me,
concordo com a tua achega sobre os comentários pessoais… Obrigado!
Bluesmile,
Em relação à diferenciação, remeto-te para a Wikipédia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Diferencia%C3%A7%C3%A3o_%28biologia%29
Já agora consulta também sobre a Meiose:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Meiose
A partir da definição de Meiose podes chegar aos outros processos que vão ocorrendo.
Já agora o comentário “científico” não foi em resposta a nenhum post ou comentário, mas como um acrescento/resposta a um dos argumentos pelo sim de que a seguir à fecundação todas as células são iguais. Aproveitei e dei seguimento para referir que não podemos ir pela questão biológica, precisamente por, de facto, tudo o que nos rodeia (com ou sem “vida”) ser constituído por moléculas, átomos, etc etc… Logo, teremos de seguir por outro caminho para definir o que é ser humano ou até mesmo ser pessoa.
De facto, não foi feliz a palavra “desagradável” para descrever uma situação que deveria ser indescritível, mas foi precisamente para contribuir para o comentário da mc quando referia a gravidez ocorre de forma “desagradável”. A violação é em si um horror, seja ela da mais leve (violação da privacidade), seja ela a violação da usurpação da intimidade/corpo de outrem…
Há situações que estão contempladas na actual lei, a violação é um dos casos. Se a mulher, nestas circunstâncias, decidir abortar por mais que eu seja contra ao aborto, devo respeitar a sua situação. Ou seja, continuo a não apoiar o aborto, mas tenho de respeitar a sua decisão. No entanto (tendo consciência que não é nada fácil, devido ao horror da situação) devo estar ao lado dela a todo o momento. Mais uma vez o afirmo, ninguém deve condenar ninguém!
É verdade que este exemplo apontou um caso dramático, como tantos outros que levarão à decisão de abortar. E para tratar de questões Éticas, como já o afirmei, não podemos ir do caso para o geral, mas sim, partir de uma linha geral apertada, olhar para o caso. Daí que, não para me esquivar à questão, devo dizer que os casos particulares devam ser vistos, com o máximo de respeito pela(s) pessoa(s) da situação em causa.
Se lermos bem a pergunta, o sim dará seguimento a que, mais cedo ou mais tarde, por livre e espontânea vontade da mulher (relembro que o homem está sempre ausente nas discussões, como se o novo ser fosse concebido apenas por uma das partes) haja a decisão de abortar seja em que situação for. Estarei a ser exagerado? Talvez, mas entreabrir uma porta é um passo para escancará-la, basta uma rajada de vento mais forte!
Se alguém me disser que abortou, tenho de respeitá-la. A dignidade, que é um valor em si mesmo, leva uma adjectivação: A pessoa é digna. De quê? De respeito. Como li noutros comentários, a pessoa não é pessoa simplesmente porque é amada. Bem, iríamos encontrar muitas pessoas, por essas ruas fora (já bem adultas) que não seriam pessoas. De facto a pessoa tem a forte componente de relação. No caso do embrião, estabelece-se de forma vinculada entre si e o corpo materno. Podemos dizer, primeiramente de forma biológica, sim, mas ainda assim não creio que seja esse o critério. O acto sexual humano vai para além da simples reprodução, logo aí há bastantes distinções. É verdade que a sexualidade tem sido muito reprimida e nos nossos dias há uma muito má formação nesta área. Esquece-se o lado afectivo e busca-se meramente o carnal (sei que estou a generalizar, mas…). Um Companheiro comentou-me que numa discussão, por haver um disparar de emoções à volta do aborto, sem qualquer esclarecimento, chegou-se ao ponto em que duas raparigas estavam revoltadíssimas porque as mulheres é que engravidavam e não os homens! Pois, a existência humana é mesmo injusta!! Sinceramente, estas temáticas têm de ser seriamente pensadas… E não bloguisticamente (apesar de serem muito boas e úteis), mas a altos níveis da educação…
Bluesmile, tentei ser o mais honesto possível, quanto à clareza, espero ter conseguido…
P.S. – Tocou-se no tema da eutanásia. Essa é outra, mas é melhor não misturar (não que não seja importante, muito pelo contrário) com o aborto (apesar de terem bastantes ligações) neste momento. Além de criar mais confusões, acrescenta-se mais temática complexa. Ah, melhor é quando se junta o aborto, com a fome no mundo, com as doenças, até mesmo com a homossexualidade, para não falar, como já ouvi, da questão do celibato dos padres… Pois! Belo cocktail molotov!! :p
Paulo:
Gostei muito, mas mesmo muito do teu texto. Obrigada.
Emociona e pronto, parabéns David.
é o efeito floribella.
bluesmile
:) Floribella?! Essa doeu. Logo eu que faço tudo para que o criança em causa neste dê a menor atenção possível a essa lamechice pegada...
Mas olha que ao VER o choraduncho que por aí anda, o hip-hop, as conversas sobre mãozinhas e pezinhos, as poesias sobre ecografias, os coraçõezinhos a bater, a ideia da "campanha jovem moderna e fresca"...as cores, as palavras "bebés" e "mninos" repetidas á exaustão, as saias a a rodopiar, a ideia de que ter um filhinho aos 16 anos é super mega ri fixe...
SEm dúvida, é mesmo o efeito floribella.
( Apelo a emoções primárias, ausência do apelo a arguementos racionais ou jurídicos, quando o que está em causa é uma questão jurídica), as próprias cores floridas da propaganda, muitas imagens de úteros grávidos de pelo mensos 16 semanas, para dar impacto visual; algumas supresas propagandísticas!!!
O sim vai ter uma campanha MUITÍSIMO floribella.
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