Razöes do Näo

No próximo referendo sobre o aborto votaremos Näo. Aqui se tenta explicar porquê.

domingo, outubro 22, 2006

As minhas razöes

No próximo referendo sobre o aborto, votarei não.
As razões que sustentam esta posição são fáceis de entender, embora discutíveis, como todas.

1. Entendo que a defesa da vida humana é um princípio civilizacional basilar. Oponho-me a tudo o que possa significar o direito de alguém atentar contra a vida de outrém.

2. Entendo que, a partir da concepção, estão reunidas todas as condições para o desenvolvimento vital de uma pessoa, que se prolongará desde esse momento até à sua morte natural. Não reconheço, portanto, que possa existir legitimidade numa intervenção que vise interromper este processo.

3. Os direitos da mulher, que reconheço, não incluem o direito de dispôr da vida do ser humano gerado.

4. Estas convicções não me impedem de compreender a complexidade do papel da mulher e o seu sofrimento, bem como algumas situações limite que devem ser encaradas com humanidade. Desta humanidade devem derivar, em meu entender, dois princípios orientadores:
a) A mulher não deve ser penalizada quando o aborto é feito em situação de extrema necessidade. Isto supõe a despenalização, mas não a descriminalização. Defendo, portanto, que o aborto possa ser encarado como "crime sem pena".

b) As situações limite - malformação do feto, risco de vida para a mãe e violação - já são contempladas na actual legislação, pelo que não necessitam nova cobertura legal.

Sei que esta posição é passível de crítica e contém algumas contradições intrínsecas. Mas os problemas complexos não têm soluções simples. E, em consciência, não posso extirpar essas contradições sem caír em radicalizações, num ou noutro sentido. Este é o ponto de equilíbrio entre os princípios fundamentais que perfilho e o sentido de humanidade que defendo.

25 Comments:

Blogger José Brito,sj said...

aqui estarei, do mesmo lado e espero que com serenidade...

7:06 da tarde  
Blogger Ver para crer said...

Também estarei do mesmo lado nesta causa.
Acho que em certas circunstâncias a mulher pode ser desculpabilizada mas não os que em vez de a ajudarem a levam a abortar.
Julgo que o aborto é intrinsecamente mau.

9:15 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Uma boa iniciativa Manuel. Mas... como sabe, muito pouca coisa encaixa na categoria de preto ou branco. Aliás, na apresentação dá conta de isso mesmo.
Desejo bons, serenos, racionais e frutíferos debates. E... que nunca a misericordia e a compaixão nos saltem das mãos, da cabeça e do coração.

Um abraço

Fátima Filipe

9:19 da tarde  
Blogger amigona avó e a neta princesa said...

Penso que ninguém é a favor do aborto. EU TAMBÉM NÃO SOU... outra coisa é entender que a MULHER NÃO DEVE SER PENALIZADA por o efectuar... e eu acho que NÃO DEVE...para mim são 2 questões distintas... há que ter bom senso e serenidade na discussão...

9:39 da tarde  
Blogger BLUESMILE said...

Espero que expliques porquer és a favor da condenação de mulheres apenas de prisão até três anos.

É isso que está em discussão.
Fica a pergunta a que ainda não respondeste


Concordas com o julgamento e prisões de mulheres se interromperem a gravidez antes das dez semanas?

SIM?


Porquê?

PorquÊ?

9:59 da tarde  
Blogger Hadassah said...

Manuel, agradeço o teu comentário no meu "blog". Irei divulgar esta tua iniciativa extremamente útil e interessante e estarei por aqui concerteza, para a reflexão e discussão deste tema tão sensível.

Como tu, partilho da opinião de que o Aborto não pode deixar de ser uma excepção e que não está em causa apenas a Liberdade da mulher ao seu corpo mas o direito à Vida, por parte do embrião.

10:08 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Concordo com todas as palavras que escreveste subscrevo.

j

10:34 da tarde  
Blogger /me said...

Vou repetir, por outras palavras, o que disse no post anterior. Acho que a pergunta sim/não, está mal formulada. E que há muitas coisas para resolver que são mais importantes que responder sim/não, e que esvaziariam a discussão. Mas pronto... A política é ofício de tolos, muitas vezes.

11:08 da tarde  
Blogger Lev T. said...

Estou contigo aí na tua posição. No entanto é preciso dizer que se consideramos o aborto como crime, este tem de ter um pena ou punição como qualquer outro. E se reconhecemos a vida apartir da concepção o aborto nada mais é do que a morte de um outro ser humano e isso é assassínio. Como se pode então despenalizar um crime destes? Só porque o feto (a criança) não tem voz?

É para considerar!

Abraços

11:46 da tarde  
Blogger Augusto Ascenso Pascoal said...

Era só para dizer que me parece necessário ajudar os nossos políticos a ver o absurdo em que caem querendo decidir uma questão extremamente complexa como se ela fosse simples.
Depois, gostaria também de manifestar a minha estranheza por se centrar a questão na mulher, nos seus direitos e deveres, quando estamos perante um problema global, da família e da sociedade, que, nesta esquizofrenia colectiva do lícito e do ilícito, esquece o humano... acabando sempre, não por ajudar a mulher, mas por fazer com que deixe de incomodar com os seus direitso fundamentais (entre os quais se encontra o de levar por diante a vida que sente gerada no seu ventre), que esses sim, deviam mobilizar as instituições.

12:03 da manhã  
Blogger nahar said...

Boa Manuel, não podmeos ficar de braços em baixo. temos que ser nóa a lutar contra esta cultura de morte que querem fazer crescer. Onde isto já vai... Não têm coraçao estes homens e mulheres??? A vida humana pode ser referendada??? Bem ainda não perceberam que é um ser pequenino que esta dentro do ventre materno e que não pediu que o tratassem daquela forma... Se foi Deus quem o chamou a vida porque teima o homem acabar desta forma com a vida de um ser pequenino e inofensivo. Não entendo...
SIM À VIDA.

12:03 da manhã  
Blogger A Capela said...

Manuel,

Antes de mais, obrigada pela oferta deste espaço que abre a um debate tão oportuno e importante. E ainda, pelo empenho e o tempo que se dispõe dispensar-lhe.

Abraços!

2:41 da manhã  
Blogger A Capela said...

Manuel,

Antes de mais, obrigada pela oferta deste espaço que abre a um debate tão oportuno e importante. E ainda, pelo empenho e o tempo que se dispõe dispensar-lhe.

Abraços!

2:42 da manhã  
Blogger P.e Júlio da Costa Gomes said...

Também tenho as mesma razões para o não. è urgente alertar as consciências humanas para esta cultura de morte que se está a exercer. Abraço e força com este novo blog

11:38 da manhã  
Blogger Manuel said...

Obrigado a todos pelos vossos comentários.

Permitam-me uma resposta específica à Bluesmile:
Primeiro que tudo, espero que fique claro que a nossa diferença de opiniäo é apenas isso. Eu respeito a tua. Espero que respeites a minha.
Depois, parece-me que näo leste o meu texto. Sobretudo o ponto 4, alínea a)...

1:21 da tarde  
Blogger Jorge Oliveira said...

Boa iniciativa Manuel.

Penso que dizer “sim” à despenalização do aborto - ou como hipocritamente querem chamar à “interrupção voluntária da gravidez”- é legitimar indiscriminadamente o aborto e implicitamente concordar com ele. Cabe aos governantes criarem leis que protejam a vida, não que a aniquilem.

Eu, digo “SIM” à vida. Ao aborto digo “NÃO!”

1:59 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ora bem... A minha opinião é simples. Igual à tua! Até porque não percebo porque diabo há pessoas que pensam que fazer um aborto é uma questão de princípio, para que o seu filhote possa um dia crescer com tudo o que tem de direito, mas que matar um bébé já com um ou dois dias é um crime horrendo e que, na praça pública, seria de condenação à morte. Não tem pés nem cabeça. Tirar a vida, tanto numa ou noutra situação, é isso mesmo: TIRAR a vida.

Obviamente, não meto tudo no mesmo saco. Situações há, as que são já previstas por lei (risco de vida extremo, ...) que não fazem sentido ser julgadas.

Pelos anjinhos, sejamos conscientes. Hoje em dia só engravida quem quer. Há inúmeros métodos contrapcetivos, informação às paletes... E dez semanas, meus amigos, são DOIS MESES E MEIO...

Por fim, uma questão. A mulher (quando toma sózinha essa decisão) ou o casal (quando a opção de aborto é dos dois) quando matam uma vida que não é a deles, deve ser vista como o quê?...

Abraço a todos, e percebam que esta é apenas a minha opinião...

4:27 da tarde  
Blogger maria said...

"Pelos anjinhos" esta é uma questão em que me é muito dificil meter, e não ando com a minima cabeça para ela.
Agora o anómino anterior que me parece ser do sexo masculino que me diz que "só engravida quem quer", tenha santa paciência. E faz isso de acordo com a doutrina da Igrega sobre o assunto?

8:27 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Aposto que o anónimo nnca engravidou. SE os homesn engravidasse...

9:16 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

«Não se quer legalizar nem liberalizar o aborto: quer-se despenalizar.»

Afinal como ficou resolvida a questão entre seres humanos e pessoas? E afinal os seres humanos têm direito à vida ou não? Se têm, então a lei do aborto quer despenalize quer legalize é uma lei injusta porque nega a um grupo de seres humanos o direito à vida. Se os seres humanos não têm direito à vida, porque é crime tirar-lha? O melhor seria descriminalizar aquilo que, de facto, não é crime.

Por outro lado, com a mesma base se poderia dizer: «Não se quer legalizar nem liberalizar a escravatura: quer-se despenalizar.» O leitor ficaria descansado e feliz sabendo que a escravatura, embora continue a ser crime, foi despenalizada?!?

Com a mesma razão poderíamos defender qualquer aborto: «Não se quer legalizar nem liberalizar o aborto até aos nove meses: quer-se despenalizar.» Como o argumento inicial não está indexado ao tempo, não se percebe porque é válido no aborto até às 10 (12, 16 ou 24) semanas e inválido a partir daí.

Mas a verdade é que a cirminalização do aborto foi sempre um facto inaceitável para os defensores do aborto. É para eles inaceitável que a mulher que aborta seja uma criminosa. Ao seu crime não está associada nenhuma pena mas a mulher que aborta é, à luz da lei de despenalização, uma criminosa. Portanto, a despenalização tem sido uma etapa estratégica na caminhada para a descriminalização do aborto.

Além disso, não é preciso esperar muito por tudo isso: quem diz que só se pretende despenalizar está enganado. A lei que foi aprovada em 4 de Fevereiro de 1998 descriminaliza o aborto até às dez semanas.

Finalmente, muito pior que a legalização e liberalização do aborto é o aborto compulsivo. E esse já é uma realidade: resulta da possibilidade de se abortar por qualquer razão até às dez semanas. Toda a mulher fica à mercê do marido ("ou abortas ou me divorcio"), do patrão ("ou aborta ou rua"), de um filho ("ou aborta o outro herdeiro ou nunca mais me vê", "ou aborta ou faço-lhe a vida num inferno"), etc.

1:40 da manhã  
Blogger David de Sousa said...

Não sou contra o aborto das leis dos Homens mas sim contra o aborto das mentalidades!Não nos podemos eskecer que temos que ter uma lei que nos diz que é proibido matar!Seria preciso uma lei para nos dizer isso??O aborto surgue para mim no mesmo pacote de ideias!Será preciso haver uma lei que nos diga que é proibido matar crianças no ventre das suas mães??
Lembro-me agora do ICNE,não será esta uma fuga à real questão?A nova evangelização terá que ser feita não em leis mas em mentalidades!Se hoje dissesem que podiamos matar eu continuaria sem matar ninguém!O nosso medo não é que a lei seja alterada é que haja pessoas que não tenham consciencia para deixar de o fazer!

O aborto tem que ser antes demais alterado em mentalidades!Cristo já dizia:"A Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é Deus"!Leis são mundanas,as vidas essas são de Deus!

Fike bem...

1:45 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Sempre se fala da mãe...mas estranhamente nunca se fala do pai...

3:12 da manhã  
Blogger xana said...

Uma boa iniciativa, esta, a de nos chamares aqui em redor deste tema.
Eu junto-me a ti.

10:33 da manhã  
Blogger Davide Vidal said...

Excelente iniciativa!! Tambem aqui estarei para manifestar-me pela vida, unindo a minha voz à dos inocentes que querem sacrificar com a despenalização

6:43 da tarde  
Blogger Davide Vidal said...

Excelente iniciativa!! Tambem aqui estarei para manifestar-me pela vida, unindo a minha voz à dos inocentes que querem sacrificar com a despenalização

6:43 da tarde  

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